O setor de eventos sociais recebeu com alívio o anúncio da liberação das pistas de dança no Rio Grande do Sul, algo que era aguardado e foi confirmado com as novas regras que valem a partir desta sexta-feira (1°). Também não vê com maus olhos a exigência para os convidados apresentarem comprovante de vacinação contra a covid-19, a grande novidade do novo decreto, apesar de ser uma imposição que vai demandar maior fiscalização por parte dos organizadores.
Para a presidente da Associação Unidos pelos Eventos, Aline de Araújo Freitas, a permissão para usar a pista de dança vai salvar o setor que realiza festas infantis, de aniversários e casamentos, diversas vezes impedido de atuar durante a pandemia.
— Estamos levantando as mãos para o céu. A pista de dança é fundamental. Ninguém quer fazer festa de 15 anos sem curtir a pista. Com a vacinação bem avançada, temos esperança de poder voltar a trabalhar. Tínhamos muitas restrições — diz ela.
A impossibilidade de que os convidados dançassem na pista fez com que muitas festas fossem seguidamente reagendadas, o que, segundo o empresário Fabrício Geyer Ehlers, proprietário da Alto da Capela, casa de eventos na zona sul de Porto Alegre, resultou em prejuízos financeiros para organizadores e fornecedores. Com a liberação, a expectativa é de que os eventos retornem com força total.
Controle dos convidados
No entanto, existe o desafio de alertar os convidados para adotarem um comportamento mais moderado durante a festa — isso porque o decreto proíbe que as pessoas comam e bebam enquanto estiverem se divertindo na pista.
— Com esses novos protocolos para a pista de dança, teremos que orientar as pessoas para não perderem o controle. Nenhum espaço quer ser visto na mídia como o espaço que está descumprindo regras e ajudando na disseminação do vírus — reflete Ehlers.
Vice-presidente Social da Associação Gaúcha de Empresas e Profissionais de Eventos (Agepes), Neca Esbroglio diz que concorda com todas as novas regras, e que a obrigatoriedade de comprovar a vacina contra a covid-19 vai trazer maior segurança para a saúde dos convidados. Mas a entidade deve questionar os órgãos competentes a respeito da proibição de comer e beber na pista.
— Isso é algo dificílimo de controlar. A pessoa pega uma bebida e tem que ficar sentada na mesa. Isso ainda nos prejudica. Esse controle de quem está de pé é complicado. E isso não teria por quê. Se tu está dançando, por que não pode tomar um drink ou uma água, mantendo distância? Não vemos razão - diz Neca.
Convidados vacinados
Representante da Associação Unidos pelos Eventos, criada no meio da pandemia para reunir empresários do setor que estavam sem saber como agir diante da impossibilidade de trabalhar, Aline Araújo Freitas entende que a obrigatoriedade da vacinação é uma forma de dar segurança a todos os convidados e funcionários e evitar que as casas de eventos enfrentem novas resistências.
— Quanto mais vacinados, melhor. Menos risco, e evita que uma nova onda venha e feche tudo de novo — diz.
Proprietária da Casa Nossa, localizada no bairro São João, em Porto Alegre, Andréia Petersen não vê como problema que os convidados estejam devidamente imunizados, mas interpreta como uma regra desnecessária. Segundo ela, o fato de 95% da população da Capital ter tomado a primeira dose indica que as pessoas estão aderindo à campanha.
— Não vemos como problema, mas também não vemos como necessidade. É muito raro a pessoa não ter vacina. Vejo como uma forma de o governo justificar esse decreto que libera a pista, mas não discordo. A gente sabe que a população está vacinada — diz Andréia.
Diante das novas regras, os organizadores das festas e eventos terão de adotar não só uma atitude de vigiar o público, mas também de orientá-lo sobre como se portar para que os riscos de contágio pelo coronavírus sejam menores.
— Como vou cobrar de um senhor de 80 anos que apresente o cartão que comprova a vacina se ele nem sabe usar o celular? Teremos que fazer um trabalho bem forte com os cerimonialistas dos eventos para fazer essa cobrança — observa Aline.