O casal de idosos Nelson Marques Voigt, 76 anos, e Claudete Oliveira Voigt, 75, esperava ansioso a chegada do seu lugar na fila de vacinação contra a covid-19 não somente pela aplicação das doses, mas também pela possibilidade de rever brevemente a neta, com quem não se encontrava desde novembro, devido à pandemia. O que eles não imaginavam é que seria justamente Carolina Feijó Bitencourt Voigt, 21, quem aplicaria o imunizante em ambos quando o carro deles passasse pelo drive-thru no último sábado (13), em Canoas.
O reencontro foi possível porque a jovem, que é aluna do nono semestre de Enfermagem na UniRitter, faz parte do grupo de estudantes e professores da instituição que está atuando como voluntário na campanha de vacinação contra a doença. A estudante conta que os avós moram em Canoas, assim como ela, mas que foram para o Litoral em novembro para cumprir o isolamento, portanto, eles não se viam desde então.
Assim que começou a atuar na força-tarefa da imunização, Carolina passou a ficar atenta às faixas etárias da campanha para poder avisar a Nelson e Claudete quando fosse sua vez, para que eles pudessem retornar da praia e receber a primeira dose da vacina. Segundo ela, os avós já sabiam que ela era voluntária e que, por isso, estaria no local, mas não tinham ideia de que ela iria aplicar o imunizante nos dois.
A combinação para o encontro foi realizada previamente com uma prima da jovem, que a avisou quando os idosos chegariam. No entanto, Carolina estava atendendo em uma fila diferente da que estava o carro dos avós, e só conseguiu atendê-los após fazer uma troca.
— Minha prima foi com eles e a gente combinou para poder fazer essa surpresa e eu os encontrar na fila, porque eram muitos carros. Corri para o carro, e eles não esperavam — recorda.
De acordo com a estudante, antes da pandemia ela tinha contato diário com os avós, pois são vizinhos. Com o distanciamento, eles precisaram se afastar e se readaptar à nova rotina. Sendo assim, para ela, o momento do reencontro foi na melhor situação possível:
— Reencontrá-los depois de tanto tempo e ainda ter a honra de vacinar cada um deles foi emocionante. Participei da imunização e ainda matei um pouco da saudade.
A emoção citada pela jovem também é compartilhada pelos idosos. Para Nelson, por exemplo, não há palavras para descrever o acontecimento.
— Qualquer coisa que eu disser, que senti alegria, que senti emoção, é pouco, porque foi um acontecimento ultraespecial tanto para mim quanto para a Claudete, e para a Carol também. Eu fiquei muito emocionado, gostei muito que foi ela que fez (a aplicação) — relata.
Claudete conta que estava ansiosa para chegar ao locar e poder encontrar a neta no meio da multidão. Ela afirma que a emoção foi muito grande no momento e que, até mesmo agora, dias depois, ainda se sente muito feliz ao lembrar:
— Foi uma alegria tão grande que é difícil descrever, meu coração exultou de tanta felicidade. Uma emoção muito grande tomou conta da gente, de todos nós que estávamos presentes, das meninas que estavam ajudando, e por ter sido ela, a minha neta, eu fiquei mais feliz ainda.
A estudante destaca que a alegria de poder revê-los e o alívio de saber que já estão com a primeira dose da vacina, e logo contarão com a segunda, são os sentimentos que prevalecem na história. Daqui a três semanas, os três devem se encontrar novamente para a segunda aplicação.
— Após a segunda dose, eles vão retornar para o Litoral, ficar mais 20 dias em isolamento para que a vacina possa garantir a imunidade deles, e aí eles vão voltar para Canoas e poder estar perto da gente. Claro que o distanciamento ainda vai ser uma realidade, a gente não vai conseguir se ver como antigamente, mas só de saber que eles estarão perto e que qualquer coisa que acontecer a gente vai poder estar ali com eles é uma alegria — conclui Carolina.
Produção: Jhully Costa