Black Friday é o termo utilizado para se referir à temporada de grandes descontos no comércio em vários países do mundo, inclusive no Brasil. Mas você sabe qual a origem dele? Nesta quarta-feira (30), uma declaração do CEO do Grupo Boticário, Artur Grynbaum, trouxe o assunto à tona e gerou curiosidade: ele informou que a empresa não usará mais a expressão devido à "ausência de dados científicos que comprovem que ele realmente não se relaciona à questão da escravatura".
A afirmação de Grynbaum está relacionada a um debate antigo que, por vezes, ganha força nas redes sociais. É falsa a história que volta e meia reaparece de que a tradição foi criada em 1904, em alusão ao dia em que senhores vendiam seus escravos em liquidação, já apuraram alguns sites de notícias.
Em 2019, a polêmica levou veículos como o portal G1 e o Estadão a fazerem uma apuração nas seções "Fato ou fake?” e “Estadão Verifica”. De acordo com as reportagens, o termo não tem relação nenhuma com a venda de escravos. No entanto, o Estadão salienta que não há uma única explicação para a origem da expressão, e apresenta diversas hipóteses
Segundo a checagem do jornal, a American Dialect Society, órgão dedicado ao estudo da língua inglesa nos Estados Unidos, registra que o uso mais antigo do termo Black Friday é de 1951, quase um século após a abolição da escravidão no país. Já a reportagem do G1 cita o primeiro registro do uso em 24 de setembro de 1869, nos Estados Unidos – seis anos depois da abolição – para se referir a um colapso do mercado de ouro na Bolsa de Nova York.
Outras teorias, que também são apontadas por um dos maiores sites de checagem dos EUA, o Snopes, afirmam que o termo foi utilizado para descrever as várias ausências de trabalhadores que inventavam doenças para prolongar o feriado. Nos anos 1960, a expressão também se popularizou entre policiais da Filadélfia, que reclamavam do fluxo de motoristas e pedestres nas ruas para fazer compras após o feriado de Ação de Graças. Sob esse viés, a conotação também é criticada, por utilizar a palavra "negra" antes para expressar que aquele foi um dia ruim.
De acordo com o G1, nessa época, os lojistas deram uma conotação positiva à expressão ao dizer que ela se referia ao momento em que as contas do comércio saíam do vermelho e voltavam “ao preto”. No entanto, segundo uma entrevista do linguista e editor-executivo do site Vocabulary.com, Benjamin Zimmer, à BBC, o termo e a campanha como se conhece hoje em dia só ganharam repercussão nacional em 1990.