Superando as expectativas, na comparação com setores da economia que devem apresentar retração em 2020, a área de serviços e produtos para animais domésticos projeta crescimento de 6,07% este ano, segundo dados do Instituto Pet Brasil. Empresários do setor estão otimistas com a possibilidade de superar os R$ 35,4 bilhões de faturamento em comércio de animais, serviços gerais, veterinários e indústria que foram registrados em 2019.
Moradora de Esteio, a relações públicas Emanuelle Licht, 27 anos, faz parte do grupo de tutores que deve turbinar o mercado. A jovem se viu investindo pesado em mimos e nos cuidados com o cãozinho durante este ano, e ainda mais no período de distanciamento social causado pela pandemia de coronavírus. Além dos banhos em casa, mensalmente, a cachorrinha Olívia é levada até a pet shop para tosa completa e banho mais caprichado. Para tentar compensar a escassez de passeios na rua – que ajudavam a gastar a energia da pet –, Emanuelle adquiriu uma série de brinquedos interativos para Olívia:
— A gente brinca com ela aqui no apartamento, mas fiz esse investimento em bolinhas e tabuleiros em que é possível colocar ração dentro para ela ficar mais tempo entretida, menos estressada e gastar mais energia. Além disso, quando estou sem carro, contrato o serviço de táxi para cachorro para levá-la ou buscá-la na pet shop. Enfim, ando gastando mais com ela porque fico preocupada com o bem-estar da Olívia.
Joice Correia, gerente da clínica Molecão, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre, relata que, em um primeiro momento, o estabelecimento enfrentou maus bocados, mas, com a entrada das pet shops na lista de serviços essenciais, a demanda por banho e tosa voltou à normalidade. A enxuta equipe de três funcionários responsáveis pelo tratamento de limpeza dos animais chega a realizar 80 atendimentos por dia. Ela conta ainda que viu disparar os pedidos no e-commerce.
— Temos recebidos muitos pedidos pelo site. Os campeões são rações, areia para gato, remédios e acessórios, como brinquedos, roupas para frio e caminha. O tráfego em nosso e-commerce aumentou 80% durante o período de distanciamento social — afirma Joice.
Já a bancária Karina Almeida, 28 anos, residente em Alvorada, na Região Metropolitana, faz parte da ala mais contida. Investe em cuidados básicos e idas ao veterinário especialmente para acompanhar a situação de saúde da cachorrinha Lupita, que não tem um rim.
— Mantive os gastos normais. Na verdade, diminuiu bastante. Como tenho trabalhado de casa, consigo dar atenção e banho. Não comprei brinquedos novos para ela nem para os meus quatro gatos. Faço mais a reposição de ração do que o investimento em itens novos, mas tem obrigações de saúde que não tenho como fugir, porque dizem respeito ao bem-estar da Lupita — observa Karina.
Expectativa para os próximos anos
Estreante no setor dos animais domésticos, Bernardo Zoppas, sócio-proprietário da pet shop Petisco, no Centro Histórico, na Capital, afirma que não consegue fazer um retrospecto significativo da evolução do estabelecimento porque ele foi aberto em março. Contudo, ressalta que foi possível mapear o ponto forte do negócio neste momento de pandemia:
— Tenho reinvestido muito no estoque de brinquedos. Fazemos banho e tosa em alguns dias da semana, mas caiu bastante. Nossa margem de lucro vem da venda, via WhatsApp, de brinquedos para os pets.
Ele conta ainda ter identificado que muitos moradores do Centro adotaram animais domésticos. Em função disso, a procura pelos serviços veterinários que a loja também oferece aumentou:
— A procura por vacinas e outros cuidados básicos que se deve ter, quando adotamos gatos ou cachorros, também registrou crescimento. A minha expectativa é de que, em 2021 e nos anos seguintes, com a normalização de tudo, a gente continue em um bom ritmo, afinal, os tutores terão a incumbência de suprir as necessidades de banho, tosa, atendimento veterinário pelos próximos anos.