Em um apartamento do bairro São João, um casal passa os dias treinando ippons no tatame improvisado em um quarto. O objetivo dos judocas Aléxia Castilhos, 25 anos, e Eric Takabatake, 29, é garantir vaga na Olimpíada do Japão, em Tóquio, assim que a pandemia do coronavírus der trégua —o evento foi transferido para 2021.
Diferentemente dos casais apartados que você conheceu nessa reportagem, eles estão mais próximos que nunca. É que Eric é de São Paulo e veio a Porto Alegre para passar o isolamento com Aléxia. Até então, os períodos mais extensos juntos se davam em viagens pela seleção brasileira, que, é claro, impunham uma rotina mais rígida.
Agora puderam maratonar séries – o que, cada um na sua cidade, nunca funcionou – e até se permitiram algumas escapadas na dieta.
– Estamos comendo umas besteirinhas que nunca pudemos. Ontem, foi um ovo de Páscoa de colher – contam.
Aléxia e Eric namoram há quase três anos. Já se conheciam antes, de eventos e competições de judô. Mas foram os sogros que acabaram aproximando os dois – durante uma competição, o pai de Eric e a mãe de Aléxia começaram a conversar nas arquibancadas, e depois acabaram citando o nome dos jovens em casa. Despertaram o interesse deles, que começaram a se aproximar.
Especialmente pela mãe de Aléxia, que pertence ao grupo de risco, que decidiram ficar em Porto Alegre durante o período de isolamento social.
– Acho que ele entendeu bem isso e quis ajudar — comenta a judoca.
Precisam um do outro, também, como adversários no treino para seguir evoluindo. Mas será que rola de deixar as desavenças no tatame?
– A gente é muito orgulhoso, um nunca quer perder para o outro. Mas é claro que eu sou mais fraca, então levo a pior – diz Alexia, rindo.
Eric contesta:
– No tatame, mas na vida eu sempre perco. Ela tem argumento pra tudo.