Há três semanas, a jornalista Bruna Amaral, 33 anos, se despediu do marido no aeroporto sem saber quando vai poder vê-lo de novo. Eles namoraram a distância por anos e, mesmo casados, chegaram a morar em cidades diferentes da Europa. Mas não estavam preparados para ficar longe durante uma pandemia. Choravam, e ao mesmo tempo riam de nervoso.
— Ninguém sabe o que vai acontecer, quanto tempo vai levar para as coisas voltarem ao normal. A incerteza é o que mais machuca — conta Bruna.
Ela e o também jornalista Michael Ertl, 31 anos, moram em Londres e estavam no Brasil de férias, na Chapada dos Veadeiros. Ele retornou no dia 22 para trabalhar, e Bruna ficaria mais uma semana em Porto Alegre com a família, como planejado. Mas o voo dela foi cancelado por causa do coronavírus, e agora ela não faz ideia de quando será seguro se expor em aeroporto e em uma viagem tão longa novamente.
Ao contrário de Michael, Bruna, que tem um site sobre bolsas de estudo no Exterior chamado Partiu Intercâmbio, pode trabalhar de qualquer lugar. Pensou nos pais ao ficar no Brasil, e também na exposição que teria em Londres. Mas acaba se torturando com a decisão. Preocupada com a possibilidade de o marido adoecer sem ter quem o ajude, fica remoendo se fez a escolha certa.
O que faz mais falta são os momentos mais simples.
– Dá saudade de estar junto, na mesma cama. De esticar a mão e saber que vai encostar nele, que ele vai estar ali.