Acostumado a caminhar de um lado para o outro sobre o altar e, até, pular durante os cultos da Igreja Evangélica Shekinah, o pastor Rudnei Moura Aparício precisou mudar imediatamente a forma de se comunicar com os fieis, desde que o prédio da igreja, em Alvorada, na Região Metropolitana, fechou as portas para cumprir a determinação de isolamento social devido à pandemia de coronavírus.
Há duas semanas, Aparício trocou os cultos com mais de 200 pessoas presencialmente por uma câmera e a solidão da igreja. Na emergência, como diz, reinventou-se.
Assim como os evangélicos, outras religiões, doutrinas e práticas ligadas à espiritualidade, e que têm na presença humana o maior apelo, mudaram as propostas para continuarem atuantes em tempos de quarentena. No culto online da Shekinah, a alternativa foi reduzir os encontros de duas horas para 50 minutos.
Mantenham a fé, não é o fim. Tudo vai passar.
RUDNEI MOURA APARÍCIO
Pastor da Igreja Evangélica Shekinah
Aparício justifica que as pessoas não costumam ficar muito tempo em frente ao computador ou televisão. Por isso, optou por cultos menores e mais intensos. Ainda há música, mas, no lugar da banda completa, são os filhos do pastor, Luana, 21 anos, e Lenon, 27 anos, os responsáveis por cantarem os hinos de louvor. Aparício explica que como a igreja tem muitos jovens fiéis, ele decidiu apostar em luzes e bom som nos vídeos. Tudo com a ajuda de Lenon, profissional da área do audiovisual. Nos primeiros dois cultos, divulgados nos finais de semana, o pastor surpreendeu-se com a audiência: foram mais de 1,3 mil espectadores.
— Em 13 anos, esta é a primeira vez que faço algo assim. Estou me acostumando, mas ainda parece uma prisão. Farei o melhor possível para continuarmos próximos das pessoas, levando a palavra, mesmo que seja online — garante.
Experiência parecida também vivem as terapeutas e mestres em Reiki Eliane Pedebos de Brittes e Marta Mello, do Espaço Conexões da Alma, em Porto Alegre. Antes da quarentena, as duas usavam as redes sociais para divulgarem informações sobre o local. A suspensão da atividades presenciais levou a dupla, junto com outras terapeutas da casa, a transferir algumas práticas para o ambiente virtual do Instagram.
Juntas, disponibilizam envio de Reiki, meditações, lives diárias com terapeutas conversando sobre terapias integrativas e dicas de auto aplicação. O Reiki, segundo Eliane, é uma terapia complementar que harmoniza a frequência vibratória da pessoa e trabalha em conjunto com todas as medicinas e outras terapias, nunca invalidando ou substituindo qualquer uma delas.
— Nesse momento, o engajamento está maior, pois as pessoas estão mais conectadas e procurando opções nas redes, já que se tornaram meios de convívio social — diz.
Eliane também faz parte do clube de meditação Meditation4you, e, junto com outros instrutores, diariamente, em diversos horários, oferece meditações via live no Instagram do clube.
Aproveite a oportunidade que estamos recebendo de sermos melhores e mais verdadeiros conosco, com a vida e com as pessoas. Agradeça, ore, medite e faça a sua parte.
ELIANE PEDEBOS DE BRITTES
Mestre em Reiki do Espaço Conexões da Alma
— É um momento desafiador, mas que nos possibilita olhar com mais amorosidade para nós, para todos e tudo que está a nossa volta. Já que o planeta pediu um tempo para nós, aproveitemos este tempo para nos conhecermos, aceitarmos e nos transformarmos em pessoas melhores. Buscar administrar a ansiedade utilizando o que temos acesso, como meditação, oração, leitura, conhecendo melhor nossos afetos e desafetos, são nossos grandes mestres — aconselha Eliane.
Instrutora de yoga há quatro anos, Sabine Borges Silveira, integrante do Coletivo Namaskar, também da Capital, não se importava tanto com a internet. A pandemia, porém, a impossibilitou de continuar realizando as práticas em grupo, três vezes por semana na Praça da Encol. E foi nas redes sociais que Sabine encontrou uma forma de continuar próxima dos alunos, apesar da distância. O isolamento também a conectou com novos praticantes de outros Estados e países.
— Existe uma troca maior entre aluno e professor, estamos aprendendo juntos a viver este novo tempo. A troca de energia segue incrível, mesmo por celular ou computador. Nada se perde, tudo se transforma. Inclusive durante uma pandemia — observa.
Aproveite este momento para se conhecer mais, desenvolver um processo de autoconhecimento evoluir espiritualmente.
SABINE BORGES SILVEIRA
Instrutora de yoga e instrutora no Coletivo Namaskar
Entre os novos alunos que descobriram Sabine nas redes sociais, em lives pelo Instagram @sabineborgessilveira e pelo @coletivo_namaskar, está a engenheira mecânica Luiza Prati de Aguiar, 33 anos, moradora de São Paulo. Ela não praticava yoga desde 2018, quando mudou-se de Porto Alegre para a capital paulista.
— Um dos maiores incômodos do isolamento social é a realidade de termos que entrar em contato, mesmo às vezes contra a vontade, com nós mesmos. Ter a possibilidade de voltar em aulas online e encontrar uma nova forma de reconectar com minha mente e com meu corpo está sendo uma experiência que não imaginei que poderia ter à distância — resume Luiza.