Se você falar para um nativo da língua inglesa "I'm doing home office" (estou fazendo home office), ele muito provavelmente não vai entender. Sim, "fazer home office", embora amplamente usado aqui no Brasil, não é como realmente se fala em inglês.
Mas a frase não está em inglês? Por que estaria errada? Porque "fazer home office" é uma expressão que foi criada fora de um país de língua inglesa. Não duvido, aliás, que tenha até sido criada no Brasil. Aqui falamos "pendrive" para aquelas memórias portáteis, mas, nos EUA, no Reino Unido, no Canadá ou na Austrália, é melhor você pedir por um "flashdrive", pois é como falam nesses lugares. Algo parecido ocorre com os nossos grandes "outdoors" de publicidade, que, apesar de ser um termo em inglês, não é como os nativos da língua de Shakespeare se referem. Eles vão falar "billboard".
E isso é um fenômeno que se vê em outros países também. Na Alemanha, você ouvirá que eles chamam o celular de "handy" e um projetor de imagens "beamer". E isso só é dito lá, apesar de se tratar de termos em inglês! Porém, se falarem isso para um inglês ou norte-americano, a comunicação será prejudicada.
Home office é como se chama o lugar da sua casa onde você trabalha ou estuda. Está correto dizer, por exemplo "I'm in my home office" (eu estou no meu escritório de casa), mas não diga a um nativo do inglês "I'm doing home office"! Bem, isso se o seu objetivo for ser compreendido pelo nativo.
Ontem, postei essa dica na minha conta do Twitter, e foi grande o número de pessoas que se sentiram ofendidas e me mandaram - e enquanto escrevo seguem me mandando - a lugares lindos e que eu prefiro não publicar... Pode ser porque muitas pessoas se incomodam quando aprendem que algo que faziam até aquele momento estava errado. "Como esse teacher chato ousa me corrigir?" Outros tentaram colocar que "na comunicação entre brasileiros não tem problema e tá certo".
Bem, duas coisas aqui: primeiro que a comunicação entre brasileiros, até onde eu sei, é mais eficaz se feita em português. E segundo, sou professor de inglês, ou seja, preciso ensinar a maneira que você deve falar ao se comunicar com nativos da língua inglesa para que seja entendido.
Há também quem ache que devemos agregar ao inglês essas "idiossincrasias linguísticas" de cada lugar por respeito a como esses grupos se comunicam entre si. O problema é que isso acabaria tornando o aprendizado de um idioma uma tarefa hercúlea e interminável.
De qualquer forma, fica a curiosidade de como a comunicação é algo fascinante.
Fábio Emerim, professor de inglês (@Dicas_de_ingles)