O historiador e professor gaúcho Leandro Karnal conversou com a Rádio Gaúcha na manhã desta terça-feira (31) e fez reflexões sobre o final de ano. Além disso, falou do seu novo livro Felicidade: modos de usar, escrito em parceria com Mário Sergio Cortella e Luiz Felipe Pondé. Karnal participou, por telefone, do programa Timeline.
Para Karnal, esta é uma época de ser um pouco menos mesquinho e de fazer concessões familiares:
— Tentando fazer um exercício de crescimento: "eu não sou o centro do mundo, as coisas não giram ao meu redor, nem tudo tem que ser do meu jeito". Todas as pessoas que me dizem que detestam felicidade com hora marcada, eu detesto Ano-Novo e Natal, eu detesto ser feliz à meia-noite, todas as pessoas que dizem isso são infelizes o ano inteiro, o que elas detestam é a felicidade.
O historiador destacou que a felicidade é um desafio de crescimento.
— Ser feliz é uma decisão. "Mas aquela pessoa que vai na festa, aquele parente, não é uma pessoa que eu gosto". Não se preocupe, você também não é (a pessoa que ele gosta), logo, vocês se merecem, aceita isso – defendeu.
Karnal explicou que concluiu que a felicidade é uma escolha observando as pessoas:
— Eu escolho ficar triste ao enfatizar coisas tristes, ao pegar más lembranças, ao pegar fotos com gente que desapareceu. Ou eu escolho ser alegre, lembrando que eu estou aqui agora. Eu quero celebrar, eu posso sair de mim. Essa é uma escolha, para religiosos, para não religiosos. O Natal é de fato um desafio, pois as pessoas terão de avaliar quem elas são no final do ano.
Aos jovens, Karnal recomendou que aproveitem a companhia de seus pais nesta época do ano:
— Não é possível ser paciente com todo mundo, você não é santo. Não é possível ouvir com carinho todas as pessoas, você tem momentos difíceis. Logo, recomendo o seguinte: eleja as pessoas com quem você vai ser totalmente paciente. E no topo desta lista estão pais, mães, avós e irmãos. Com os outros, tenha paciência seletiva. Pai e mãe são as pessoas que você não pode atacar moralmente, você tem que aceitar. Te deram a vida, te criaram, ninguém vai amar você mais do que eles e o mais incrível: eles te amam apesar de te conhecerem, isso é extraordinário (risos).
Sobre o cenário político atual, Karnal afirmou que, historicamente, os brasileiros estão acostumados com anos conturbados. Logo, o momento atual não é nada excepcional:
— O ano é conturbado sem sombra de dúvidas, mas quem tem mais idade, como eu, já passou por muitos anos conturbados. Já tivemos hiperinflação, dois impeachments, alguns mais velhos lembram de renúncia de presidentes. Na verdade, na história do Brasil, anos tranquilos são excepcionais, nós estamos acostumados com anos conturbados. Este não foi particularmente conturbado, não teve quebra-quebra nas ruas, não houve onda de saques, renúncia de presidentes, tivemos problemas, mas nós estamos, pelo menos desde 2013, com muitos problemas. Logo, não é nada excepcional.