Além de apresentar um número de casamentos em queda desde 2015, o cenário matrimonial no Brasil chama a atenção também por outro aspecto: nunca antes os casais oficializaram seus relacionamentos tão tarde.
A média de idade dos homens no momento das uniões heterossexuais está em 30,8 anos, e a das mulheres, em 28,2 anos. Os dados são do relatório Estatísticas do Registro Civil, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (4).
O IBGE fornece três anos diferentes para comparação das médias das faixas etárias: 1974, 2004 e 2018. Quarenta e cinco anos atrás, a idade média dos cônjuges do sexo masculino era de 26,7, enquanto a do feminino era de 23. De lá para cá, a idade média dos homens aumentou em 4,1 anos, e a das mulheres, em 5,2 anos.
Quando o arranjo conjugal analisado é o das uniões homoafetivas, há uma notável variação. Nesses casos, a idade média dos homens sobe para 34,3 anos, e a das mulheres, para 32,7.
Mara Lins, psicóloga, terapeuta de casal e diretora do Centro de Estudos da Família e do Indivíduo, acredita que os números refletem bem a realidade. Com a liberação para que as mulheres deixassem as funções exclusivas de mães e donas de casa, houve um grande investimento na carreira profissional. Homens também passaram a se qualificar para um mercado de trabalho cada vez mais competitivo. Como resultado, ficou postergada a estabilidade na vida afetiva.
– Outra questão que interfere: a vida sexual está liberada. Ainda bem! Em outras épocas, a mulher, para ter vida sexual, só casando ou escondida. Hoje isso não existe mais. Então a escolha para ter um parceiro ou uma parceira fica para mais tarde mesmo – opina Mara.