O Papa Francisco canonizou neste domingo (13), na Basílica de São Pedro, Irmã Dulce, a primeira santa nascida no Brasil, em 1914.
A nova santa brasileira, cujo nome verdadeiro era Maria Rita Lopes, foi proclamada santa diante de inúmerosos bispos, religiosos e missionários de seu país que atualmente participam no Sínodo para a defesa da Amazônia.
— Hoje, agradecemos ao Senhor pelos novos santos, que andaram com fé e agora os evocamos como intercessores — disse o Papa Francisco ante a multidão reunida na praça.
— Três são religiosos e nos mostram que a vida consagrada é um caminho de amor nas periferias existenciais do mundo — acrescentou.
Um enorme retrato da missionária, bem como dos outros quatro santos canonizados na cerimônia deste domino, foi exposto em frente à fachada da basílica. A Irmã Dulce devotou sua vida a servir os mais necessitados e desenvolveu um trabalho social em sua terra natal, Bahia, onde fundou vários hospitais de caridade e uma rede de apoio social que dirigiu até sua morte em 1992, aos 77 anos.
A nova santa alcança a glória dos altares graças a duas curas inexplicáveis, de acordo com o processo de beatificação iniciado em 1999. Ao "anjo da Bahia", como era chamada pelos que a viam nas ruas de Salvador com seu hábito azul e branco, são atribuídos dois milagres: ter estancado a hemorragia de uma mulher após um parto e devolvido a visão de um homem que ficou cego durante 14 anos.
Sua canonização, 27 anos após sua morte, foi o terceiro processo mais rápido da história, atrás apenas do Papa João Paulo II (2014) e da madre Teresa de Calcutá (2016).
Candidata ao Nobel da Paz
A freira conheceu o Papa João Paulo II, com quem teve duas reuniões — em 1980 e em 1991 —, quando foi hospitalizada por problemas de saúde em função de uma doença pulmonar crônica.
Seu humanismo e trabalho de caridade levaram o então presidente do Brasil, José Sarney, a candidatá-la em 1988 ao Prêmio Nobel da Paz. Foi beatificada por Bento XVI em 2011 após a verificação de um primeiro milagre, conforme estabelecido pelas normas do Vaticano.
Novos santos
As outras novas santas proclamadas por Francisco neste domingo são a italiana Giuseppina Vannini (Judith Adelaide Agata), fundadora das Filhas de São Camilo, que morreu em 1911, a indiana Maria Teresa Chiramel Mankidiyan, fundadora da Congregação das Irmãs da Sagrada Família, falecida em 1926, e a leiga suíça Margarita Bays, da Terceira Ordem de São Francisco de Assis, que morreu em 1879.
São figuras emblemáticas da igreja, assim como o cardeal britânico John Henry Newman, o primeiro santo inglês a não ser um mártir desde a Reforma. Newman, nascido em Londres em 1801, foi ordenado sacerdote da igreja anglicana, da qual foi pastor em Oxford. Por um longo tempo, ele foi um crítico da Igreja católica, que chegou a acusar de heresia.
No entanto, anos depois, em meados do século XIX, ele se converteu ao catolicismo na Inglaterra. Para a ocasião, o príncipe Charles — que um dia deverá liderar a Igreja da Inglaterra — representou o Reino Unido.