A renda média das famílias mais ricas com aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) supera em mais de seis vezes o valor recebido pelas famílias que ganham até dois salários mínimos. Os dados são da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) 2017-2018, divulgada nesta sexta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com a pesquisa, as famílias na classe de menor renda recebem, em média, R$ 197,32 por mês em aposentadorias e pensões do INSS. Já aquelas com rendimento superior a R$ 23.850 recebem uma média de R$ 1.238,78. O valor recebido pelos mais ricos é 6,3 vezes maior. No fim da década passada, segundo a última POF realizada, os mais ricos recebiam, em média, 10,7 vezes mais do INSS do que os mais pobres.
As aposentadorias do INSS representam 10,7% da renda média das famílias brasileiras, que é de R$ 5.426,70, segundo o IBGE.
Para as famílias que ganham até dois salários mínimos, o peso é maior, de 15,8%. Já para a classe de maiores rendimentos, embora o valor absoluto seja maior, representa apenas 3,1% do rendimento médio.
Um dos argumentos usados pelo governo para ganhar apoio à reforma da Previdência é a redução de desigualdades no pagamento dos benefícios. Em discursos e entrevistas, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem usado a expressão "fábrica de desigualdades" para se referir ao sistema atual.
Já aprovada na Câmara dos Deputados, a reforma está hoje no Senado, onde o governo vem enfrentando obstáculos. Nesta semana, os senadores condicionaram a votação em segundo turno na Casa ao destravamento do debate sobre o rateio do bônus de assinatura do megaleilão do pré-sal, marcado para o início de novembro.
O governo se comprometeu a destinar 30% do valor arrecadado no leilão a estados e municípios, mas o modelo proposto enfrenta resistências na Câmara. A proposta de reforma não mexe na aposentadoria dos estados e municípios, que é tema de um projeto paralelo em discussão no Congresso. Segundo os dados do IBGE, as aposentadorias públicas representam hoje 5% do rendimento médio do brasileiro.
Quase não influenciam na classe de menor renda, com peso de apenas 0,8% no rendimento médio (ou R$ 9,85 por mês). Mas representam 7,5% da renda média dos mais ricos, contribuindo com R$ 3.037,24.