Empresas interessadas em investir em diversidade devem começar, segundo Elaine Terceiro, psicóloga e consultora sênior de Diversidade e Inclusão da Mais Diversidade, de São Paulo, pela definição de uma estratégia de governança e pela capacitação de seus líderes.
— Se você fizer pura e simplesmente a inclusão de pessoas diversas e não tiver uma estrutura acolhedora e líderes preparados, essas pessoas não ficarão porque não terão um ambiente de acolhimento, e sim um ambiente de discriminação — alerta Elaine.
Depois de passarem por treinamentos, os gestores levam adiante, a suas equipes, os ensinamentos recebidos. Os funcionários devem ser engajados na mudança, de forma a se tornarem aliados da causa. E a preparação para a diversidade vai muito mais além: todos os setores devem estar preparados para receber indivíduos LGBT+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e outros grupos minorizados).
Tornar-se uma empresa que preza pela diversidade significa adaptar políticas e benefícios. Por exemplo, no caso de um empregado transgênero, é preciso que ele possa utilizar seu nome social (e não o de batismo, caso ainda não disponha da nova documentação) e tenha acesso a um plano de saúde que preveja a cobertura para terapias hormonais. Médicos devem estar cientes das particularidades para que possam realizar exames de admissão e periódicos que contemplem as necessidades do paciente.
— Se é uma pessoa de corpo biológico masculino que já está na transição para o feminino, o médico precisa saber que vai atender esse paciente e conhecer a linguagem — diz Elaine.
Iniciativas de fomento podem ser boa ideia
Um código de conduta necessita ser implementado, deixando claro o que aquela organização espera de seus colaboradores e que tipo de comportamento não é tolerado. É importante também que a companhia disponibilize canais para denúncia e mantenha suas ouvidorias ativas. Se houver alguma denúncia contra um colaborador, ele deve, na primeira vez, ser alertado de modo educativo, sendo esclarecido a respeito do que é esperado dele no ambiente de trabalho. Caso ocorra reincidência, sugere a consultora, aí, sim, medidas mais duras precisam ser tomadas, para que a empresa não transmita uma ideia de permissividade.
— A denúncia acaba sendo o termômetro de comportamento na companhia e precisa gerar educação — observa Elaine.
Quando as novas práticas já estiverem implementadas, iniciativas de fomento podem ser uma boa ideia, como a criação de grupos que identificam e reúnem esses funcionários e a promoção de ações temáticas, dentro e fora da empresa.
Esta reportagem foi dividida. A primeira parte — Como tornar a empresa mais lucrativa? Invista na diversidade no ambiente de trabalho — está neste link.