Por volta das 10h deste domingo (23), a Avenida Paulista começou a encher para a 23ª edição da Parada Gay de São Paulo. O evento acontece numa "encruzilhada histórica", segundo a drag Mona, uma das participantes. Por um lado, a comunidade LGBT+ "está aterrorizada com esta família", diz em referência ao "clã Bolsonaro".
Para ela, a presidência de Jair Bolsonaro fortaleceu um rebote ultraconservador contra o grupo. Mas nem tudo está perdido, continua. Ela lembra que um dos maiores pleitos LGBT+ foi enfim atendido: a homofobia e a transfobia entraram no rol dos crimes de racismo após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Magali, 60 anos, foi à Parada para acompanhar os dois filhos. Quando eles, primeiro o caçula e depois o mais velho, revelaram que eram gays, ela admite: morreu de medo.
— O mundo ainda não vai ser fácil pra eles. Na nossa cidade, o pessoal até sabe que eles são (homossexuais), ficam dizendo que tudo bem, desde que não comecem com "boiolagem". Acho triste — afirmou.
Eles vieram do interior paulista, e os meninos, de 16 e 17 anos, pela primeira vez usavam maquiagem para passear na rua. Até aqui, no máximo, batom só se fosse em festinhas fechadas. Ninguém da família conhecia a revolta de Stonewall, tema desta edição. Há 50 anos, LGBT+s de Nova York protestaram contra violentas batidas policiais realizadas num bar da cidade, o Stonewall Inn. Na época, todos os Estados norte-americanos consideravam ilegais relações entre pessoas do mesmo sexo.
— Ah, tipo o Brasil de hoje, pelo menos na prática. Para algumas pessoas, parece que ser gay é criminoso — disse o filho mais novo de Magali.
A parada terá trios comandados por shows de artistas como Iza, Mc Pocahontas, Luísa Sonza, Fantine, Lexa e da drag queen Gloria Groove, entre outras.