A história da empresária Daniella D’Ávila, 33 anos, com o motociclismo passa longe do amor à primeira vista. Quando o marido apareceu com uma Yamaha em casa, ficou seis meses sem nem subir nela. Quando o fez, cruzou a zona sul de Porto Alegre, na carona dele, sem abrir os olhos.
Aos poucos, Daniella começou a “participar dos rolês”, foi conhecendo gente interessante e apaixonada pelo assunto. E, quando fez 30 anos, decidiu: seria seu último ano como passageira.
— Não sou mulher de andar na garupa — ressalta.
Ela é integrante de um coletivo mundial que começou as atividades em 2015, em Utah, nos Estados Unidos, cheio de mulheres que não se contentam em ir na carona. Esse movimento já se espalhou por cerca de 30 países.
O The Litas Porto Alegre é composto por gurias de 23 a 33 anos de idade. A iniciativa surgiu há dois anos numa mesa do bar Queen’s Park Bike, em um beco entre a Dr. Freire Alemão e a 24 de Outubro. Foi também ali que cinco das participantes encontraram a reportagem de Zero Hora para contar sua história. As jovens enumeram vantagens em ter um grupo só de motociclistas mulheres. Primeiro que os assuntos são mais interessantes, segundo a produtora de eventos Aline Dillenburg, 32 anos. Mas também há mais empatia entre as integrantes e menos vaidade com relação ao veículo, comentam.
A ideia é a mais democrática possível: no The Litas, de acordo com o site do coletivo, “todas as mulheres devem se sentir incluídas, não importa qual sua moto, de onde vêm ou quantos anos têm”.
Incluíram até a bióloga Helena Souza Venzke, 24 anos, que nem moto tinha quando conheceu as Litas, porque, “querendo ou não, ainda é um meio muito machista”. Acabou se inspirando: hoje, ela e sua trail estão entre as integrantes que mais pegam a estrada. Além das amigas do Litas em Porto Alegre – ela não conhecia ninguém do grupo antes do contato pela internet –, Helena já fez até amizade com as Litas de Santa Catarina. Já foi visitá-las e já recebeu integrantes na Capital:
– Moto é um gosto em comum que te abre o mundo.
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