O incêndio que deixou 10 mortos no alojamento de jovens jogadores do Flamengo, no dia 8 de fevereiro, trouxe à luz o trauma de tragédias que começaram com falhas no ar-condicionado. Problemas na fiação, ausência de disjuntores individualizados e até filtros sujos podem sobrecarregar a estrutura elétrica e causar fogo, tanto na parte interna (que fica dentro da residência) quanto na externa do aparelho.
Um dos fatores críticos é a conexão com a rede elétrica. Cada equipamento deve ser instalado em um disjuntor exclusivo, que protegerá os circuitos ao desarmar automaticamente o acesso à luz quando a intensidade da corrente elétrica ultrapassar o limite. Isso evita incêndios e preserva a integridade do aparelho quando houver picos de energia na rede.
— Quem se muda para uma residência que não tem disjuntor exclusivo pode contatar um eletricista e solicitar a adaptação — sugere José Ricardo da Silva Neto, diretor da Splitcenter, de Porto Alegre, que trabalha com instalação e manutenção de ar-condicionado.
A fiação também precisa ser adequada à carga de energia; ou seja, não se pode usar um fio fino demais para um ar-condicionado de 24 mil BTUs, por exemplo. O especialista recomenda sempre contatar um técnico para verificar se as conexões estão adequadas para receber um novo ar-condicionado.
A manutenção periódica também é essencial. A sugestão é fazer duas revisões por ano no ar — uma no verão, outra no inverno. Isso porque o aparelho utiliza dois mecanismos diferentes para esfriar ou aquecer, e os dois precisam receber atenção.
— Técnicos especializados em ar-condicionado podem abrir o equipamento e avaliar as conexões, ver se tem algo derretendo ou faiscando. Além disso, um especialista mede a corrente e vê se há sobrecarga. São ações que podem prevenir se há o risco de incêndio.
Mas nem todas medidas dependem de ajuda externa. A limpeza periódica do filtro é essencial para evitar que o ar-condicionado trabalhe acima da capacidade e superaqueça a fiação e demais partes elétricas. Um filtro sujo pode forçar o motor e causar curto-circuito ou até incêndio. Usuários podem verificar o filtro a cada duas semanas e, ao verificarem que está sujo ou obstruído com poeira, lavar em água corrente e esfregar com esponja.
— Não é comum incendiar o ar em razão do filtro sujo, mas pode acontecer. Por isso, a prevenção é importante — explica Ricardo.