Difícil ser mais ilustrativo: o perfil da produtora audiovisual e chef Paola Salerno Troian, 28 anos, no Instagram é um trocadilho entre a palavra “green” e “gringa”: greenga. Na rede social, a influencer vegana com mais de 22,6 mil seguidores prega o fim do uso do plástico, dá dicas alimentação saudável e defende o consumo de alimentos que crescem apenas no ciclo natural, sem o uso de agrotóxicos.
— Fiz gastronomia e os alimentos orgânicos foram a porta de entrada para a consciência. Comecei a estudar formas de gerar menos impacto no mundo e, dois anos depois de ser vegetariana, virei vegana. Descobri minha missão: lutar por um mundo mais sustentável. Temos responsabilidade pelas gerações futuras. Nas minhas redes, instruo as pessoas a comprarem alimentos por sazonalidade.
Em seu Instagram, pululam receitas de culinária crudívora, que dispensa o uso de fogo, de cachorro-quente vegano sem glúten e até de planta com sabor de peixe (“apresento a pulmonária, parece uma sálvia bem peludinha”). Paola é rata de feira: toda semana, com sacolinha de pano no braço, bate um papo com os produtores e troca ideias sobre os alimentos da estação. Quando viaja, busca restaurantes sustentáveis e veganos. Face ao estilo de vida consumista, prefere ser minimalista: adquire apenas o necessário e analisa a cadeia de produção dos bens que irá levar para casa. Não quer dar dinheiro para indústria que explora ou agride o planeta.
O Painel Gerações Sunbrand descreve a tribo green como aquela em que o indivíduo tem raízes fortes na natureza: procura o alimento mais saudável e se preocupa com o impacto gerado no ambiente. Assim como em outras tribos comportamentais, os hábitos se manifestam diferentemente conforme a idade: os mais velhos ficam satisfeitos com a feira de sábado, os mais novos valorizam o cuidado com o mundo verde rotineiramente.
Os alimentos orgânicos foram a porta de entrada para a consciência.
PAOLA SALERNO TROIAN
Produtora audiovisual, 28 anos
— O green tem um apelo mais ambiental em suas atitudes, diferente do zen, que é mais espiritual. O green quer estar conectado à terra, pensa na sustentabilidade dos processos e é movido por essa ideologia — diz Alex do Nascimento, da Sunbrand.
Em casa, Paola planta hortelã (“é fácil de dar em apartamento”), manjericão, salsinha, louro e alguns chás. Além de green, também se vê ativista: não usa couro, só consome marcas de maquiagem não testadas em animais e, quando pode, compra alimentos a granel em uma loja perto de casa, para evitar o uso de plástico. Ser vegana é uma forma de defender uma causa maior: o planeta e a vida dos animais.
— Não sou xiita nem doutrinadora. Aliás, não compactuo com quem proíbe alguém de comer carne na frente. Tenho minhas redes sociais onde falo sobre isso e, quem acessar, verá o conteúdo. Mas não extrapolo meus limites — diz Paola. — Ser green, para mim, é olhar para o futuro, é entender a realidade do mundo e os impactos que a minha geração e as anteriores à minha causaram. Parece algo trabalhoso, mas, ao girar a chave, olhamos para o planeta de outra forma, ficamos mais questionadores.
Características por geração
Baby boomer: é ecológico de fim de semana, quando acorda cedo, vai à feira orgânica e fica feliz em contribuir para a economia local.
X: em busca de conter o envelhecimento, come alimentos orgânicos todos os dias e planta hortas em casa.
Y: além da alimentação, tem preocupação ambientalista e prefere comprar de pequenos produtores, combater o desperdício e a produção de plástico, além de incentivar o comércio local.
Z: valoriza uma alimentação saudável e uma vida simples.