A infância do vendedor Pedro Sirangelo Braun, 49 anos, está marcada pelas ondas que pegava em Cidreira com os amigos. Na adolescência, não ficava um fim de semana em Porto Alegre, nem mesmo no inverno: simplesmente precisava surfar com a galera. Os anos correram e ele abriu o leque de práticas esportivas: mesmo com uma artéria do coração entupida, já fez sete maratonas. Há alegria na lembrança daquelas cinco horas e meia no Deserto do Atacama, onde o nariz sangrava devido à baixa umidade do ar. Ou na corrida de 110 quilômetros de San Martin de los Andes, na Patagônia, onde avançou em uma paisagem no mato encravado nas montanhas. São exemplos de como ele não fica parado – nunca ficou, nem pretende ficar.
— Tenho 49 anos. Pego onda há 39. Hoje, acordo todo dia às 6h e faço exercício seis vezes por semana. Vou na modalidade de triatlo: pedalo no Gasômetro, faço natação e corro – enumera Braun, que é formado em engenharia agrícola. — A verdade é que sempre pratiquei esporte na minha vida: já fiz tênis, squash, futebol, skate, bike, esgrima, basquete, crossfit… Para o que me convidam, eu vou. Nunca deixei de fazer esporte. Se não faço, fico nervoso. Parece até que tem algo errado.
A Sunbrand descreve como esportista o perfil para o qual a prática de exercícios é um hobby indispensável. Há particularidades: para os mais velhos, o esporte está ligado a manter círculos de amizade e a conter os avanços da idade. Os mais jovens, sem ruga na testa, encaram como estilo de vida e um jeito de se integrar. Formam as turmas que se reúnem semanalmente para jogar bola e depois beber em bares.
— O baby boomer e o X praticam o esporte contra o envelhecimento, mas o baby boomer quer ter qualidade nos anos que restam, enquanto o X é um eterno insatisfeito, precisa estar magro. O Y e o Z praticam esporte muito mais pelo convívio social, procuram o crossfit, o vôlei de areia, o futebol, tanto pelo relacionamento quanto pelo estilo de vida. O Z é o mais novo, tem no máximo 18 anos, então não sentiu o efeito do tempo no corpo e só vai buscar a integração social — analisa Alex do Nascimento, da Sunbrand.
Não me considero aquele cara de 50 anos que eu imaginava que seria.
PEDRO SIRANGELO BRAUN
Vendedor, 49 anos
Na porta dos 50 anos, Braun se considera vaidoso e competitivo. Mesmo quando viaja a trabalho, dá um jeito de alimentar-se bem e exercitar-se no hotel ou em algum local próximo. Orgulha-se de não aparentar a idade e detesta ser ultrapassado enquanto corre na rua – aí, acelera o passo. Imagina se, com a expertise que tem, vai ficar para trás!
A rotina quase estoica de exercícios não o impediu de, assim como pai, ter uma artéria do coração entupida. Após uma cirurgia para introduzir um stent (espécie de tubo colocado na região para liberar o fluxo sanguíneo), Braun levou um susto. Foi tomado por um certeza – precisa seguir nos esportes e cuidar ainda mais da saúde em busca de longevidade:
— Minha esposa pratica crossfit comigo. Minha filha de 14 anos gosta de andar de bicicleta. A mais nova, de quatro anos, vai seguir o exemplo. Não me considero aquele cara de 50 anos que eu imaginava que seria nessa idade.
Características por geração
Baby boomer: pratica esportes para manter a qualidade de vida e envelhecer com saúde. Gosta de praticar em grupo: aí surge a turma da corrida, do tênis, do futebol...
X: pratica esporte por saúde e para conter o envelhecimento. É competitivo, mas estar com o grupo é mais importante.
Y: esporte é diversão e um ambiente de escape, não tanto pela saúde. A prática aparece na dança, na bike, na capoeira…
Z: não se preocupa com a saúde, mas com a competição. Gosta de esportes de alta adrenalina, como skate, patins, paintball.