No Brasil, classe social é um conceito difícil de dar conta. O quão longe estamos da pobreza e da riqueza? O que significa pertencer à classe média? A resposta a estas perguntas não é fácil — nem mesmo o próprio governo coloca um ponto final definitivo para isso.
Se você buscar notícias sobre o assunto, notará que análises sobre classes sociais não partem do governo federal nem do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas da análise de consultorias privadas que aplicam a metodologia que julgarem a mais adequada.
Isso ocorre porque não há uma definição oficial de classe social, explica o Departamento de Pesquisa da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. Ou seja, o Planalto não diz que, por ganhar determinado salário ou possuir duas tevês em casa, você pertence a algum grupo da população.
Para elaborar políticas públicas, o governo federal cruza dados levantados pelo IBGE com uma metodologia consolidada, o Critério Brasil. Da parte do IBGE, são levantados apenas dados brutos, sem interpretação. Ou seja, o órgão aponta dados primários, como a média salarial em cada Estado ou no Brasil, sem dividir os habitantes por classes. Exemplo: a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua de 2017 (Pnad) mostra que a média salarial por pessoa no Rio Grande do Sul é de R$ 2.440 — mais do que a média nacional, de R$ 2.112.
A saída encontrada é aplicar o Critério Brasil, metodologia criada em 1997 pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep), também adotada por prestigiadas consultorias de economia de todo o Brasil. A técnica é um questionário que pergunta informações como quantos banheiros ou motos a pessoa tem em casa, se a residência fica em rua pavimentada e se tem água encanada.
— Os pesquisadores são livres para estudar as classes sociais de diferentes formas, por um viés mais sociológico ou econômico, que são diferentes, mas têm pontos em comum. Classe média é algo vago, fica no meio, mas no meio do quê? Até onde vão as pontas? Há quem não queira ter uma casa e prefira viver de aluguel e viajar. A parte econômica não diz tudo — avalia Rafael Osório, técnico de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão vinculado ao Ministério do Planejamento.
Com base no Critério Brasil e nos dados levantados pelo IBGE na Pnad Contínua 2017, GaúchaZH elaborou uma calculadora para você ter uma ideia sobre a qual classe social pertence. O resultado pode surpreender.