Um dos 12 apóstolos, Judas Iscariotes entregou Jesus às autoridades romanas por 30 moedas de prata, o preço de um escravo, diz a Bíblia. Arrependido, enforcou-se. Só que a forma como agia representa o embate entre judeus e cristãos, analisa o historiador André Chevitarese, professor de História na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O próprio nome é uma crítica: Judas, em referência ao povo que exigiu a morte de Cristo.
— Judas é uma caricatura do que é judeu: o que não tem amigos, o que ama dinheiro e o que trai. Ele é uma ponte: de um lado, estão os judeus que não aderiram a Jesus por ele se proclamar o novo messias e filho de Deus, e, do outro, os cristãos — diz.
Aliás, o "traidor" é alvo de uma polêmica relativamente recente: desaparecida por quase 1,7 mil anos, a única cópia restante do Evangelho de Judas foi publicada em 2006 pela revista National Geographic. O texto, ao contrário dos Evangelhos da Bíblia, afirma que Judas era o apóstolo mais fiel e que teria combinado com o próprio Jesus sua entrega às autoridades.
A Igreja Católica, no entanto, já sabia da existência desse texto, que havia sido mencionado na Idade Média, mas nunca visto nos dias de hoje. O Vaticano, assim como vários outros Evangelhos, considera-o "apócrifo", ou seja, não oficial.
— Em 120 d.C, esse texto já era condenado por Santo Irineu como anticristão (contra os ensinamentos do cristianismo) — diz o teologista Isidoro Mazzarolo, professor de Teologia na PUC-Rio.
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