Pôncio Pilatos, o procurador romano responsável pelo julgamento e crucificação de Jesus, "lavou as mãos" após oferecer Barrabás para ser crucificado no lugar do suposto messias, mas viu os judeus recusarem a alternativa.
André Chevitarese, professor de História na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), salienta a diferença na forma como Pilatos é retratado pelo historiador antigo Flávio Josefo (que vê a autoridade como autoritária e violenta) e nos Evangelhos (um homem piedoso e tolerante que tenta salvar Jesus, mas é impedido pelos judeus). O contexto por detrás disso, diz, é a briga entre judeus e cristãos logo após a destruição de Jerusalém pelos romanos entre 66 e 70 d.C. Das cinzas, quem seriam os verdadeiros herdeiros de Israel?
— Os seguidores de Jesus dizem: nós somos o verdadeiro Israel, vocês (judeus) inclusive tiveram a oportunidade de soltar Jesus e pediram a condenação dele. Pilatos cumpre o papel de alguém que deseja ardentemente salvar Jesus, em oposição aos judeus que querem a morte dele — diz Chevitarese.
Gabriele Cornelli, professor de Filosofia Antiga na Universidade de Brasília (UnB), analisa o episódio envolvendo Pilatos como um "teatro belíssimo", em um contexto no qual os primeiros cristãos tentam "negociar" com os romanos e, por isso, a imagem do procurador precisa ser mais positiva.
— A história foi escrita 80 anos após a morte de Jesus, no último evangelho, o de João. Para a comunidade que escreve o texto, Pilatos foi conivente, mas não o principal responsável. Enquanto isso, o Evangelho de Marcos, escrito antes, detalha de forma mais forte o enfrentamento de Jesus com os romanos — observa.
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Jesus
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Maria Madalena
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Judas Iscariotes
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