Brasileiros de 16 a 27 anos andam preocupados com a demora em conseguir o primeiro emprego e aspiram a abrir o próprio negócio, mostra uma pesquisa inédita realizada pela Trendsity para a Arcos Dourados, que representa o McDonald's no Brasil. O levantamento, feito em cinco países da América do Sul (Brasil, Chile, Peru, Colômbia e Argentina) junto a 1,8 mil jovens via questionário pela internet, revelou que 60% dos entrevistados projetam ser autônomos ou empreendedores dentro de 10 anos. Em um recorte apenas com dados coletados de brasileiros, 58% manifestaram vontade de ter um ganha-pão que não dependa de patrões.
— Os dados refletem a aspiração profissional do jovem, que sonha em crescer rápido e ser independente em suas decisões, mas geralmente não encontra um ambiente de trabalho que ofereça essas condições. É uma geração que nasceu conectada, acostumada a descobrir coisas e superar desafios sozinha. Quando chega ao primeiro emprego, estranha ter de pedir permissão e prestar contas a um chefe — explica Ilton Teitelbaum, sócio da Trendsity e coordenador da pesquisa no Brasil.
O desejo em empreender pode estar relacionado também com uma frustração com a demora para ingressar no mercado de trabalho. Dos entrevistados, 58% acham que a transição da fase escolar para o primeiro emprego está mais difícil para eles do que foi para seus pais ou avós.
— É aquela sensação de que a crise estourou justamente na vez deles iniciarem a carreira. Mas essa impressão não necessariamente conversa com a realidade, uma vez que sempre tivemos momentos de crise no país e na América Latina — resume Teitelbaum.
Os dados evidenciam a rejeição à ideia de workaholic — aqueles que trabalham pesadamente e deixam para aproveitar a vida mais adiante. Nada menos do que 78% dos entrevistados defendem a ideia de que só aceitariam trabalhar duro se soubessem que conseguiriam dedicar tempo às suas atividades de lazer. Na análise de Teitelbaum, esse é um retrato claro de uma geração despreocupada em acumular patrimônio — a maior aspiraação é por uma vida de experiências.
Outros trechos do levantamento mostram a frustração com a dificuldade de alcançar rapidamente seus sonhos e o reconhecimento de que precisam desenvolver algumas habilidades. Seis em cada 10 dizem que sua geração se incomoda muito quando não consegue brevemente resultados no trabalho ou nos estudos. Cientes de que a cultura tecnológica pode tê-los afastado do toque humano, dizem que o que mais querem aprender em um emprego é trabalhar em equipe (44%).
— Eles buscam em um emprego desenvolver competências não só profissionais, mas humanas — afirma Teitelbaum.
Veja alguns dados destacados da pesquisa abaixo.