No final de setembro, a estudante de Ciências Sociais Morghana Benevenuto Almeida, 19 anos, reuniu um grupo de 50 alunos negros da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) para uma foto coletiva, realizada no campus do Vale. Publicada nas redes sociais, a imagem teve milhares de curtidas.
Nesta segunda-feira (20), Dia da Consciência Negra, Morghana espera multiplicar o feito. Ela está organizando um novo registro, desta vez com alunos, professores, funcionários e terceirizados negros da federal. A iniciativa, com o nome "Sim, representatividade importa!", está marcada para as 12h30min, na frente da reitoria.
— Queremos juntar todos os negros da universidade. A ideia é dar visibilidade, mostrar que nós existimos dentro de uma instituição que é majoritariamente branca. Por mais que hoje exista política de cotas, ainda somos uma minoria — afirma a estudante.
Para convocar os negros da UFRGS, os envolvidos estão divulgando a iniciativa pelas redes sociais e por meio de cartazes. Hoje mesmo, vão percorrer a universidade convidando as pessoas a participar, inclusive com o uso de megafones.
A foto coletiva faz parte do Novembro Negro na UFRGS, organizado por uma série de grupos e unidades da universidade com o objetivo de "fortalecer a luta diária pela igualdade étnico-racial". A programação se estende por toda o mês e inclui espetáculos, aulas abertas, debates e uma feira da cultura afro, que ocorrerá no pátio da Faculdade de Educação, com 20 afroempreendedores.
— Efetivamente, a semana da Consciência Negra já existia na UFRGS, mas era muito fragmentada, cada um no seu campus, no seu grupinho. O que fiz foi entrar em contato com todas as unidades, departamentos, coletivos e criar um grupo para conversarmos sobre as atividades. Em vez de algo distante, nos unimos e criamos uma rede de fortalecimento étnico — afirma o jornalista Wagner Machado, organizador do Novembro Negro.
Programação do Novembro Negro desta segunda-feira
Arte negra na UFRGS, Comemoração e Resistência, no pátio da Faculdade de Educação (Faced), na Av. Paulo Gama, prédio 12.201.
— 10h - Espetáculo Dança do Tempo, do grupo Usina do Trabalho do Ator
— 14h - Roda literária
— 16h - Desfile de moda
— 17h - Performances
— 18h - Telão com imagens projetadas no prédio da Faculdade de Educação
— 19h - Show de encerramento
Pedagogia do Encantamento e Ekonomia do Afeto: Cartografia Subjetiva em Território Feminino Kilombola, na sala 102 da Faculdade de Educação
— 8h30min — Chegança: Tambores Femininos no Pátio Faced.
— 9h — Abertura e mística: Coletivo de Cantantes e Brincantes É do Campo e O-madê de Pijama apresentam Rezo que Vira Canto, Canto que Vira Rezo, seguida da aula aberta com José Carlos dos Anjos, Valéria Labrea e Grupo de Estudos e Pesquisas Kilombola da EduCampo.
— Das 14h às 18h — Aula aberta Poética, Militância e Pensamento Político de Oliveira Silveira, na sala 102 da Faculdade de Educação, com Iosvaldyr Bittencourt Júnior e José Rivair Macedo.
No Instituto de Letras
— 10h30min — Palestra Pode o Tradutor Falar? Uma Análise da Tradução da Autobiografía, do Poeta Cubano Juan Francisco Manzano, no auditório Luft, no Instituto de Letras (Avenida Bento Gonçalves, 9.500, prédio 43.222).
— Exposição fotográfica Onde Estão os Negros na Faculdade de Odontologia? no saguão do Hospital de Ensino Odontológico (Rua Ramiro Barcelos, 2.492), a partir das 17h30min.
— Exposição Atenção à Saúde da População Negra, na Biblioteca da Escola de Enfermagem (Rua São Manoel, 963, Rio Branco). Mostra se estende até sexta-feira. Visitação das 10h às 20h.
— Feira da cultura afro, no pátio da Faculdade de Educação, das 10h às 20h30min (estende-se até quarta-feira).