A partir do dia 12 de novembro, os resultados do teste do pezinho em todo o Brasil não serão mais enviados via Sedex, diminuindo a agilidade do diagnóstico dos exames. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) confirmou que o governo federal não vai mais bancar o transporte rápido. O Estado já foi notificado e, até esta data, deverá se adequar e elaborar alternativas ao fim do serviço. O Ministério da Saúde ainda não confirmou a informação.
O Hospital Materno Infantil Presidente Vargas, em Porto Alegre, é o único no Estado que faz análise dos teste. Assim, todos os 497 municípios gaúchos enviam o material colhido para a instituição, que devolve com o resultado. O exame é obrigatório e gratuito no país, detecta seis tipos de doença, e deve ser feito em até cinco dias após o nascimento.
A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul critica a decisão do governo federal. Conforme a entidade, 110 mil das 140 mil crianças que nascem por ano no Estado dependem do SUS. O temor é de que os resultados cheguem com atraso, prejudicando o diagnóstico das doenças.
- A agilidade no processo, tanto da coleta quanto do envio das amostras, é essencial para o programa público. Estamos falando de um contexto estadual: crianças que nascem na Fronteira Oeste ou no Sul do Estado precisam que as amostras coletadas cheguem rápido. [...] Existem doenças em que há risco de vida – explica Cristiane Kopacek, endocrinologista pediátrica associada da Sociedade de Pediatria do RS.
A médica lembra que, antes do projeto com o Sedex, iniciado há quatro anos, cada município enviava as amostras através de ambulância e motoristas particulares. Assim, acontecida de, em alguns casos, a prefeitura aguardar uma semana inteira de coleta para enviar as amostras, o que chegava a prejudicar a qualidade do material.
No total, 60 mil amostras mensais são analisadas no Hospital Materno Infantil Presidente Vargas. O diagnóstico precoce é essencial para o tratamento de, pelo menos, seis doenças: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falciforme, fibrose cística, deficiência de biotinidase e hiperplasia adrenal congênita.
Ouça entrevista com Cristiane Kopacek, endocrinologista pediátrica associada da Sociedade de Pediatria do RS