Um importante ensaio clínico com um novo coquetel anticancerígeno, da companhia suíça Roche e desenhado para atacar uma mutação genética que torna o câncer de mama mais agressivo, produziu apenas resultados modestos, segundo as primeiras informações publicadas nesta segunda-feira.
Para este estudo, realizado com 4.805 pacientes afetadas por um câncer de mama HER2 positivo (uma mutação genética que produz uma proteína que estimula a proliferação de células cancerosas), a Roche combinou sua droga anticancerígena Herceptine (trastuzumab), a droga específica mais antiga para este câncer, com uma nova molécula do mesmo tipo, Perjeta (pertuzumab).
O ensaio clínico demostrou que a combinação de ambos os tratamentos era mais efetiva para prevenir o reaparecimento do câncer depois do tumor ter sido removido cirurgicamente, mas só em proporções muito pequenas.
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Depois de um período de três anos, 94,1% das pacientes tratadas com o coquetel não haviam tido um reaparecimento do tumor, enquanto no grupo de controle de pacientes que só ingeriam Herceptin a porcentagem de reincidência foi de 93,2%, segundo os dados apresentados na conferência anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, o maior simpósio do câncer, em Chicago.
– Está claro que estes testes não oferecem uma vantagem significativa para mulheres com um baixo risco de recidiva – cujo câncer não tenha se espalhado aos nódulos linfáticos, disse o médico Harold Burstein, do Instituto do Câncer Dana-Farber (Nova York), que não participou neste estudo.
– São resultados muito preliminares, mas como o benefício absoluto de acrescentar pertuzumab ao Herceptin foi modesto, deveríamos utilizar este coquetel sobretudo para mulheres com um câncer com alto risco de reincidência – disse Gunter von Minckwitz, diretor do German Breast Group, com sede em Neu-Isenburg, que dirigiu este estudo.
Com esta nova combinação de drogas, a Roche esperava se proteger do aparecimento de medicamentos similares à sua molécula Herceptin, comercializada desde 1998 e que cairá no domínio publico neste ano na Europa e em 2019 nos Estados Unidos.
O Herceptin revolucionou o tratamento do câncer de mama tipo HER2 positivo no final dos anos 1990.
O Herceptin e o Perjeta custam cerca de 70.000 dólares cada um para um ano de tratamento, e geram para a Roche nove bilhões de dólares por ano.
O câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, e entre 15% e 25% são do tipo HER2 positivo.