O número de notícias e boatos relacionados ao viral Baleia Azul levou as polícias de cinco Estados (SC, PR, RJ, MT e PE) e do Distrito Federal a investigar supostos casos de jovens que teriam sido induzidos ao suicídio pelo jogo via internet. Há investigações online em busca de responsáveis pela iniciativa, que teria ramificações até nos Estados Unidos.
As primeiras informações sobre o jogo são de 2015, relatando incentivo ao suicídio propagado pelo Vkontakte (VK), o Facebook russo. Depois, entidades denunciaram o caso como fake news (notícia falsa), mas o viral segue avançando. Participantes surgem em grupos fechados, selecionados de madrugada. Na sequência, o administrador, ou "curador", lança desafios, normalmente às 4h20min, que incluem de desenho a atividades de risco, passando por mutilações e estímulo ao suicídio.
Coordenador do Escritório Brasileiro da Associação Internacional de Prevenção ao Crime Cibernético e comandante do Centro Integrado de Operações da Polícia Militar da Paraíba, o coronel Arnaldo Sobrinho diz que já foram identificados internautas nos Estados Unidos que atuariam como curadores de grupos dos quais participam adolescentes brasileiros.
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– São eles quem passam as orientações do tipo excluir uma amizade do Facebook, assistir a filmes de terror e assassinato nas madrugadas, até mutilar partes do corpo e subir em prédios para saltar – afirma Sobrinho.
Relatório detalhado sobre a investigação será enviado à Polícia Federal (PF). De acordo com o chefe de Comunicação Social da PF em Pernambuco, Giovanni Santoro, apesar de não haver registro oficial de morte ligada ao tema no Estado, existem investigações em redes sociais e aplicativos de mensagens sobre supostos contatos entre jovens e curadores - que podem ser enquadrados criminalmente por incitação ao suicídio.
A Polícia Civil também anunciou que vai pedir a quebra de sigilos de dados para avançar no rastreamento de aliciadores. A estratégia de mapear as comunidades também é adotada pela Polícia Militar em Mato Grosso. Lá, os casos se concentram nas cidades de Vila Rica e Confresa. E há o rastreio de comunidades com até 350 integrantes - em sua maioria adolescentes.
– As vítimas tentam sair (do jogo) e não conseguem. As crianças recebem algumas ameaças de morte ou até um tipo de pressão psicológica mesmo, e acabam cedendo – relatou o 10.º Comando Militar de mato Grosso.
Em Santa Catarina, a Polícia Civil busca os responsáveis por enviar as missões pelo Facebook ou WhatsApp - nove casos são investigados no Estado. No Paraná, que apura oito casos, o governo do Estado cogita pedir apoio de outras polícias.
Conforme a delegada Fernanda Fernandes, responsável pelas investigações no Rio de Janeiro, a polícia está numa corrida contra o tempo para garantir a integridade física e a vida das vítimas.
- Não sabemos em que etapa do jogo elas estão - diz.
A Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) do Rio de Janeiro confirmou até agora dois casos de adolescentes que estavam sendo induzidas ao suicídio pelo jogo da Baleia Azul. A DRCI recebe e-mails diários de pais assustados.
Em comum, há a frase "Minha filha tentou se matar". Uma avó do interior do Rio levou à polícia carta que mostra intenção suicida da neta, que será chamada a depor. Um pai de Queimados, na Baixada Fluminense, vai levar a filha, que sobreviveu à tentativa de suicídio.
Em Brasília, a entrada da Polícia Federal nas investigações foi formalmente solicitada pela Câmara - por solicitação da deputada Eliziane Gama (PPS-MA). No Senado, o jogo foi apontado como justificativa para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar maus-tratos.