O dinheiro que será liberado das contas inativas do FGTS pode ser um belo reforço para colocar em dia contas atrasadas ou investir com segurança. Especialistas em finanças pessoais afirmam que é preciso fazer um diagnóstico do orçamento para saber como o dinheiro poderá ajudar, e então definir seu destino.
– O primeiro passo é ter consciência se está em situação de equilíbrio, endividamento, inadimplência ou se é investidor. O ideal é que a quantia possa melhorar a qualidade de vida da pessoa e sua família, não apenas agora, mas no futuro – sugere o consultor financeiro Reinaldo Domingos, do Instituto Dsop.
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Uma coisa é consenso: em tempos de crise e desemprego, não convém sair gastando. É preciso usar de forma planejada o reforço. Quem está com contas atrasadas não tem que pensar duas vezes: o reforço deve ser usado para quitar as dívidas, após uma negociação com os credores para abater juros para a quitação de uma só vez. Quem está mais folgado pode pensar em investir e até antecipar parcelas, se as condições forem favoráveis.
Independente da situação, o importante é fazer o saque, pois deixar o dinheiro parado é sinônimo de desperdício, uma vez que o rendimento do FGTS é o mais baixo do sistema financeiro _ 3% ao ano mais Taxa de Referência (TR) para contas inativas. A recomendação é que se retire o dinheiro nem que seja para realocá-lo em outra aplicação, como a caderneta da poupança (que rende 6,17% ao ano mais TR).
– Muita gente resolve deixar dinheiro na conta do FGTS para não correr o risco de gastar ou por desconhecer a melhor maneira de torná-lo mais rentável. Péssima decisão. Nessa conta, o dinheiro é corrigido abaixo da inflação – afirma Sandra Blanco, consultora de Investimentos da Órama.
O que fazer com a grana extra?
Se tem contas em atraso: É o caso de usar 100% do valor para abater dívidas que possam estar sujando seu nome ou atrapalhando o sono à noite. Antes de zerar as dívidas, no entanto, é importante entrar em contato com os credores e negociar um desconto para o abatimento – muitas vezes os bancos são receptivos a esse tipo de negociação. Se não puder pagar todas as dívidas com o que irá sacar do FGTS, escolha aquelas que estão o privando de serviços básicos (como água, luz e telefone) e as com juros mais altos (cartão de crédito e cheque especial)
Se tem parcelamentos, mas sem atraso: É preciso avaliar se vale a pena antecipar o pagamento das parcelas, ou se é melhor fazer algum tipo de aplicação. Geralmente, a primeira opção é mais atraente: o juro do empréstimo ou crediário costuma ser maior do que o rendimento das aplicações mais comuns. Mas isso não é regra, já que os financiamentos de automóveis e da casa própria podem ser relativamente mais baratos.
Sem dívidas: Caso não tenha parcelas, ou se após quitar as parcelas sobrar uma parte do dinheiro do FGTS, poderá ser uma boa ocasião para fazer um investimento aquela compra que há tempos estava à espera. Com dinheiro na mão, você poderá negociar descontos generosos para o pagamento à vista. DICA: Antes de gastar tudo nas lojas, trace uma meta de médio prazo e guarde parte do dinheiro para alcançá-la. Senão, a grana irá evaporar rapidamente com supérfluos.
Se sobrar, onde investir?
Para manter o perfil de segurança que o FGTS oferecia, mas ganhar mais, a indicação é aplicar na renda fixa: CDBs, LCIs, LCAs, Títulos de Tesouro ou poupança, por exemplo. Veja quais melhores opções para cada faixa de renda.
Até R$ 3 mil – Títulos do tesouro pagam mais do que a poupança e possuem baixíssima taxa de administração. Uma vantagem é que aceita aplicações a partir de R$ 30, oferecendo condições iguais para qualquer faixa de valor. A Caderneta de Poupança também é uma opção a ser levada em conta nessa situação, pela facilidade de manutenção.
De R$ 3 mil a R$ 5 mil – Os títulos do Tesouro continuam sendo interessantes, mas também começam a surgir rendimentos mais altos para CDBs e Letras de Crédito (LCIs) e (LCAs). Uma dica é procurar aplicações em bancos menores que pagam juros mais altos do que as instituições financeiras mais conhecidas _ e todas têm a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
Acima de R$ 5 mil – Os fundos DI passam a oferecer rendimento um pouco mais atraente a partir dessa faixa de aplicação, mas é preciso estar atento à taxa de administração que será cobrada, que pode corroer parte do lucro. E os Títulos do Tesouro continuam sendo interessantes, em particular atrelados à inflação (que pagam um bônus adicional ao IPCA).
FONTE: Easynvest, Fadergs, Instituto Dsop e Órama.