No primeiro dia de trabalho da temporada, muitos salva-vidas tiveram que improvisar, no Litoral Norte. É que as guaritas danificadas por uma ressaca histórica, no final de outubro, ainda não foram reconstruídas. Um dia após o lançamento da Operação Golfinho, dois socorristas tiveram que utilizar a estrutura de um quiosque, na manhã deste domingo, na praia de Noiva do Mar, em Xangri-lá, para cumprir o expediente (são dois turnos de seis horas).
– É complicado. Prejudica a observação da água, pois ficamos no mesmo nível do mar – disse um dos salva-vidas, que pediu para não ser identificado.
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A poucos metros do local, restava apenas a base de concreto da guarita, que foi engolida pelo mar. Um dos salva-vidas disse que 60% das estruturas instaladas no Litoral Norte – seriam cerca de 220 no total – foram danificadas pela ressaca provocada por um ciclone extratropical.
Coordenador de operações dos salva-vidas da Operação Golfinho, major Julimar Fortes Pinheiro, disse que o conserto dos abrigos é de responsabilidade dos municípios. Ele ressaltou que o serviço não será desativado em decorrência da falta de postos, embora os pontos de observação improvisados não sejam o ideal.
A praia mais afetada foi a de Capão da Canoa, onde as 32 guaritas foram totalmente destruídas. A reconstrução, que vai custar cerca de R$ 140 mil, deve começar na terça-feira. A expectativa é que todos postos sejam entregues em um prazo de 10 dias. Segundo o prefeito Valdomiro de Matos Novaski, a demora se deve aos trâmites burocráticos do processo licitatório.
– Uma licitação, por mais rápida que seja, demora mais de dois meses. A gente também fica angustiado, pois sabe que isso envolve vidas. Mas procuramos cumprir tudo o que a lei manda.
Mas é provável que muitos municípios não consigam bancar o conserto. Secretário da Associação dos Municípios do Litoral Norte (Amlinorte), Novaski aponta a crise financeira como culpada.
– A gente tem conversado e tem município que ainda está planejando. Era um gasto não previsto, não tinha dinheiro em caixa. Então, tem município com dificuldade para fazer essa reconstrução.
Lançada no sábado, a Operação Golfinho, que atua no Litoral Norte, se estende até o dia 5 de março. No total, serão 886 salva-vidas militares e um número ainda não confirmado de civis, já que o treinamento deles não foi concluído e alguns ainda podem ser reprovados. A expectativa é contar com 1,1 mil salva-vidas civis e militares.