Não é fácil a vida de quem tem mobilidade reduzida e precisa acessar três viadutos e um terminal de ônibus na Capital. A reportagem do Diário Gaúcho percorreu os viadutos Mendes Ribeiro Filho, José Eduardo Utzig e Jayme Caetano Braun, além do Terminal Triângulo, no dia 11 de novembro, e constatou que quem necessita de elevadores para chegar à plataforma ou sair do sistema de transporte coletivo encontra equipamentos fora de operação. Grande parte deles, por conta de vandalismo. Veja a situação de cada um deles:
Viaduto Jayme Caetano Braun (Avenida Nilo Peçanha)
/// Apenas um dos quatro elevadores estava funcionando. Dois deles não abriam as portas quando solicitados pelo usuário e o terceiro estava com a porta lacrada por um tapume de madeira.
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Viaduto José Eduardo Utzig (Avenida Benjamin Constant)
/// Os dois elevadores estavam fora de serviço. Um deles, fechado por uma chapa de madeira.
/// Caso as duas escadas rolantes da estação estivessem funcionando, passageiros com dificuldade de locomoção conseguiriam acessar os coletivos com tranquilidade. Mas não estavam. No lugar de uma delas, apenas a carcaça, sem as laterais. E outra estava completamente coberta, também inoperante, depois que um acidente de trânsito no local destruiu o equipamento.
Viaduto Jorge Mendes Ribeiro Filho (rótula das avenidas Carlos Gomes e Protásio Alves)
/// Dos oito elevadores, apenas dois estavam funcionando.
Antes da blitz do dia 11, no dia 28 de outubro, a reportagem acompanhou por cerca de 30 minutos a vendedora de lanches Estela Gerunto, 50 anos, que ficou presa num dos elevadores. O marido dela, o motorista aposentado Carlos Gerunto, 59 anos, tentou abrir a porta do equipamento e mantê-la calma. Estela conta que esta foi a segunda vez que ficou presa este ano num elevador do viaduto no qual ela trabalha vendendo lanches.
– Eu fico indignada! Faz anos que esses elevadores estão sempre estragados e ninguém dá jeito. Tenho diabetes, que piora conforme meu estado de espírito – lamenta Estela, que só conseguiu sair do elevador quando um funcionário da empresa que faz a manutenção abriu o equipamento.
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Este viaduto fica próximo a uma agência do INSS, por isso, muitos usuários com mobilidade reduzida precisam deslocar-se nas imediações, tornando indispensável o uso dos equipamentos.
Terminal Triângulo (Avenida Assis Brasil)
/// Apenas um dos quatro elevadores estava funcionando. Os outros três estavam fechados por uma porta de ferro travada por um cadeado. Nas portas, uma mensagem informava o horário no qual a porta deveria ficar fechada: entre 22h e 6h. Às 11h30min do dia 11 de novembro, porém, estavam inativos.
O construtor civil Getúlio Machado, 57 anos, precisava acessar a Avenida Assis Brasil e teve de caminhar mais para utilizar o único elevador do Terminal Triângulo que estava funcionando. Em recuperação após um acidente de trabalho no qual fraturou a bacia, ele comentou que não poderia descer as escadas, para não colocar em risco o procedimento cirúrgico ao qual foi submetido.
– Há 20 dias, o médico me liberou para usar as muletas. Mas eu preciso cuidar muito nas escadas. Descer é mais perigoso do que subir – disse.
Sem previsão de conserto
Os viadutos Mendes Ribeiro e Utzig têm problemas nas escadas rolantes e elevadores causados pelo vandalismo (em 90% dos casos) e pelo desgaste natural (10%), conforme a EPTC.
A empresa já tem os orçamentos para recuperação de quatro escadas rolantes e quatro elevadores no Mendes Ribeiro, no valor total de R$ 175 mil, e de duas escadas rolantes e um elevador, no Utzig, no valor total de R$ 49.920. No momento, está sendo feita a análise de onde sairá o recurso para as recuperações. No entanto, não há prazo para a resolução dos problemas nos quatro locais visitados pela reportagem.
Conforme o diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari, a empresa está instalando portas de ferro para isolar os elevadores no período em que o transporte coletivo está fora de operação. No Terminal Triângulo, por exemplo, uma dessas portas já foi instalada e fica fechada a partir da meia-noite até as 6h, para evitar atos de vandalismo. A medida também significa economia de energia, pois os equipamentos ficam desligados.