Taxistas de São Paulo voltaram a protestar, nesta quarta-feira, contra o decreto assinado pelo prefeito Fernando Haddad (PT), que regulamentou serviços de transporte individual que conectam de maneira online motoristas e passageiros, como o aplicativo Uber. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o diretor do Simtetaxi (Sindicato dos Motoristas nas Empresas de Táxis no Estado de São Paulo), Luis Aguiar, afirmou, na madrugada, que "a categoria vai parar" a capital paulista.
– Enquanto o decreto não for revogado, os taxistas não vão sair das ruas com protestos todos os dias – prometeu Aguiar à Folha.
O sindicalista também declarou que Haddad "achincalhou" os trabalhadores, que, de acordo com ele, desejam fechar as principais avenidas e rotas de São Paulo.
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Durante a madrugada desta quarta-feira, cerca de 50 representantes da categoria realizaram vigília nas imediações da prefeitura paulistana. Mais tarde, por volta das 6h, taxistas montaram uma barricada com fogo na saída do Viaduto Anhangabaú, no corredor Norte-Sul, no centro da Capital. Três faixas foram interditadas. Conforme o portal de notícias G1, por volta das 7h, havia congestionamento no local.
Na terça-feira, a decisão de Haddad gerou confusão durante os protestos dos taxistas. Pouco depois das 18h, ao avançar sobre o bloqueio dos manifestantes, na Avenida 23 de Maio, um carro preto foi alvo de socos e pontapés.
As regras da decisão
O decreto de Haddad estabelece limites para o funcionamento dos aplicativos com base na quilometragem rodada. Os carros das empresas de tecnologia poderão fazer um número de viagens equivalente ao de 5 mil táxis tradicionais. Além disso, terão de pagar uma outorga, variável de acordo com a oferta e a demanda e estimada, inicialmente, em R$ 0,10 por quilômetro.
Os aplicativos deverão compartilhar as informações com o poder público, detalhando origem e destino de cada viagem, tempo do trajeto, quanto o passageiro esperou e os itens cobrados. A prefeitura de São Paulo, por sua vez, promete divulgar essas informações à população. As empresas terão de ser credenciadas e passarão a chamar Operadoras de Tecnologia de Transporte Credenciadas (OTTCs).
"Hoje (terça-feira) tivemos o primeiro passo para garantir que aplicativos que fazem a intermediação de viagens por meio de tecnologia tenham um lugar na cidade", declarou o Uber, por meio de nota, sem informar se iria adaptar-se às regras.
Pedro Somma, executivo da 99, antiga 99Táxis, também elogiou a iniciativa.
– Vimos como uma evolução – relatou.
A empresa, no entanto, não sabe se vai operar nessa modalidade.
– O taxista é um motorista profissional, não é uma pessoa querendo complementar a renda – comentou.
Haddad defendeu a regulamentação como forma de impedir que os aplicativos crescessem a ponto de inviabilizar os táxis.
– Do jeito que está, as empresas coletam Imposto sobre Serviços e não pagam outorga. Mas o número de táxis é insuficiente para uma cidade do nosso tamanho e há espaço para os dois tipos de serviço – avaliou.
*Zero Hora com Estadão Conteúdo