Sete em cada 10 mulheres acima de 15 anos no Estado são mães, e a maior parte delas tem um (20,2%) ou dois filhos (24,1%). Para elaborar um perfil das mães do Rio Grande do Sul, a Fundação de Economia e Estatística (FEE) analisou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) de 2014 e do Ministério da Saúde.
Uma das principais conclusões do levantamento foi obtida a partir da comparação entre mulheres com e sem filhos: em geral, aquelas que são mães estudam menos e têm menor probabilidade de completar as diferentes etapas de escolaridade. A proporção de mulheres de 15 anos ou mais que concluíram o Ensino Médio é de 36,04% entre as que são mães e de 58,17% entre as não mães. Em relação ao Ensino Superior, a proporção daquelas que finalizaram o curso é de 15,41% (mães) e 31,91% (não mães).
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Destaca-se também, no material da FEE, o número total de horas semanais dedicado ao trabalho e aos afazeres domésticos: em relação às não mães, as mães têm uma jornada com duas horas a menos no emprego, enquanto as tarefas dentro de casa representam 10 horas a mais de atividade.
– As mães trabalham muito mais dentro de casa, mas em compensação acabam tendo uma jornada de trabalho menor fora. Isso vai se refletir na remuneração: as mães vão ter remuneração inferior às não mães. Provavelmente isso seja um reflexo dos anos de escolaridade a menos, de não completar o Ensino Superior – comenta Marcos Wink, pesquisador em economia da FEE.
Telia Negrão, coordenadora do Coletivo Feminino Plural, ressalta que a decisão de ser mãe e a maternidade não planejada estão relacionadas ao grau de escolaridade.
– Quanto maior a escolaridade da mulher, mais ela consegue acessar as informações de planejamento familiar e tomar decisões mais informadas acerca da maternidade, de ser ou não ser mãe – diz a cientista política. – Quanto mais uma mulher estuda, mais ela prorroga a decisão de ser mãe. Se ela tem um filho ainda muito jovem e volta a estudar, consegue espaçar as gestações, dando tempo para completar a sua escolaridade e a sua profissionalização – completa.
Da base do Ministério da Saúde vieram as informações sobre um recorte bem específico: mulheres que tiveram filhos em 2014. Mais da metade delas estava dando à luz, pelo menos, o segundo filho: 51,5% já não eram mães de primeira viagem. A maior parte (73%) das gestantes realizou sete ou mais consultas de acompanhamento pré-natal, e a quase totalidade ganhou o bebê em um hospital (99,7%).
Segundo Wink, o objetivo da FEE é realizar levantamentos temáticos próximo a datas festivas, como o Dia das Mães e o Dia da Criança, e produzir dados que permitam comparações ano a ano.
– Temos um contexto bastante conhecido, no Rio Grande do Sul, de queda da natalidade e envelhecimento da população. Se quisermos que as mulheres sejam mães, precisamos dar condições para isso. Estamos vendo a dificuldade de ser mãe e queremos chamar a atenção dos governos e das políticas públicas para proteger elas e as famílias – afirma o pesquisador.