Depois de 10 anos praticando musculação, a médica veterinária Érica Fontes, 34 anos, decidiu que estava na hora de procurar outra atividade física. Determinada a encontrar alguma atividade mais dinâmica e mais desafiadora, a veterinária decidiu investir no crossfit, uma modalidade que nasceu nos Estados Unidos, há mais de 40 anos e que tem crescido e ganhado muitos adeptos no Brasil.
- Estou há seis meses praticando, e os ganhos são incríveis. Eu percebo uma melhora no condicionamento. É um esporte bem exigente, onde a gente sente bastante dor, mas que se torna prazeroso. A gente vai aprendendo a conviver com a dor, que, na verdade, nunca acaba - diz Érica.
Conforme a educadora física e coach Letícia Daiani, a prática consiste em movimentos funcionais, constantemente variados e realizados em alta velocidade. Entre os benefícios, está a função de trabalhar 10 capacidades físicas, como a resistência muscular e a flexibilidade, além de melhorar o condicionamento físico de forma geral.
- Combinamos três modalidades esportivas, com movimentos oriundos do levantamento de peso, do condicionamento metabólico e da ginástica. O crossfit é saúde - explica Letícia.
Letícia é educadora física na Crossfit Laçador, único box da modalidade credenciado para atuar em Santa Maria. A aula, que dura cerca de uma hora, é dividida em três partes: a primeira, de aquecimento, a segunda, quando os alunos aprendem os movimentos que serão executados, ou melhoraram os que já conhecem, e a terceira, que é o wod, o treino do dia.
De acordo com Andrey Eduardo Rodrigues, também educador físico da Crossfit Laçador, não existe uma idade mínima ou máxima para praticar a modalidade. Mas é necessário respeitar as limitações de cada aluno, para evitar o risco de lesões. A dor sentida por Érica nos treinos, é outra consideração importante sobre a modalidade.
- Quem pratica o crossfit sempre sentirá dor, porque os treinos são variados, e o corpo não consegue se adaptar. O mais importante é que as pessoas saibam os seus limites. Existe o risco de lesão, que é reduzida pelo acompanhamento técnico que a gente oferece durante as atividades - salienta Rodrigues.
Respeite os seus limites
O crossfit é considerado um esporte de alta intensidade, mas se engana quem pensa que a modalidade consiste apenas em empurrar pneus. Na verdade, esse objeto específico é usado poucas vezes. Geralmente, usa-se corda, anilhas, barras e bolas com peso para as atividades. E movimentos como agachar, levantar, empurrar, saltar, lançar e correr são os mais tradicionais.
Apesar dos benefícios comprovados, há quem critique a prática. No entanto, segundo Zadro Jornada Monteiro, educador físico e fisioterapeuta do Centro Integrado em Reabilitação e Exercícios (Cire), apesar das chances de lesões, não há a indicação de não se praticar o esporte. Monteiro destaca que o crossfit é apenas mais uma forma de treinar o corpo, assim como a musculação e a corrida, por exemplo. Segundo ele, algumas considerações devem ser levadas em conta na hora de se começar a praticar.
- O mais importante é que seu treinador seja realmente um educador físico e oriente o que é melhor, levando em conta o histórico médico, objetivos, preferências, condicionamento e limitações de movimento - completa o profissional.
Confira, no quadro ao lado outras medidas importantes a serem adotadas para quem quer investir no crossfit, para que a modalidade não venha a se tornar um problema de saúde para os praticantes.