Nos últimos anos, uma corrente de pessoas contrárias à vacinação ganhou força nos Estados Unidos e acabou se disseminando em outros países. Ativistas defendem que a administração de vacinas pode causar doenças ou problemas no desenvolvimento, além de argumentarem que as novas medicações carecem de testes.
O debate também repercute em grupos nas redes sociais. Na última semana, Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, postou em sua página, uma foto da filha com a legenda: "visita ao médico, hora de tomar vacinas". Até a última quinta-feira, o post teve mais 34.695 compartilhamentos e mais de 3 milhões de curtidas.
Favorável à imunização, Zuckerberg já havia causado polêmica em fevereiro do ano passado, após apoiar o livro On Immunity, que debate a vacinação nos EUA.
Grávida pela primeira vez, a geógrafa Greice Kelly Perske da Silva, 26 anos, participa grupos na internet onde são debatidos direitos feministas, gestação e outros temas. Ela diz que não se opõe totalmente às vacinas, mas que é preciso questioná-las.
- Nos grupos, encontro relatos de experiência e embasamento para tomar algumas decisões. Muitos sites oficiais só mostram o período e a tabela de vacinação. Eu não pretendo tomar nenhuma vacina. No Brasil, não temos direito, enquanto mães e pais, de fazer algumas escolhas. Não temos nem o direito de escolher o que vai acontecer com o nosso corpo ou sobre o corpo do bebê. A vacina é algo imposto, coisa que em outros países não acontece - argumenta.
Segundo a pediatra Maria Clara, a contraindicação para vacinas é rara. Contraindica-se para pacientes que tiveram reações adversas graves, como convulsões e anafilaxia. Ao contrário do que muitos pensam, febres e tosses não servem como contraindicação:
- Algumas vezes, o que pedimos é para atrasar a vacinação alguns dias para não confundir com a febre reacional à vacina. Em humanos, as vacinas já passaram por muitas fases e trazem segurança. Também oferecem a chance de ficar imune, sem ficar doente. Apenas um pequeno grupo de pessoas que fazem quimioterapia, que têm doenças imunes raras ou que são portadoras do HIV, correm o risco de adoecerem. Vacinas modernas são feitas a partir de uma pequena parte do agente, toxina da coqueluche, proteína da difteria, por exemplo, que não tem como desencadear doenças. A não vacinação nos levaria à pré-história em termos de saúde pública! - diz Maria Clara.