Pode parecer exagero, mas há quem classifique a região vinícola da Campanha como a Califórnia brasileira. Tanto otimismo se deve à localização das videiras, que se beneficiam do frio na época de hibernação e de pouca chuva e muito sol no período da maturação da uva e da colheita. O solo arenoso e com boa drenagem, como a videira gosta, é outro componente importante para garantir a qualidade dos vinhos.
A expansão da produção de uvas nos municípios de Candiota, Bagé, Dom Pedrito e Santana do Livramento e principalmente o reconhecimento da qualidade dos vinhos ali elaborados são uma prova de que a região promete. Forte polo agropecuário de gado de raças europeias e de importância agrícola, com destaque para culturas como o milho, o arroz e a soja, vê agora a paisagem de terrenos planos, com pequenas ondulações, transformada pelas videiras que nessa época, sem folhas, descansam para em breve reiniciarem a produção.
O sucesso dos vinhos da Campanha, no entanto, pode ser sentido mesmo é nas taças. Degustações realizadas em todo o país e também no Exterior têm rendido elogios e prêmios para as vinícolas da região. O que tem feito com que empresas da serra gaúcha, como Valduga, Miolo, Salton e outras, estendam seus vinhedos para lá. E ninguém tem se arrependido. Muito pelo contrário, as apostas são grandes. Paulo Menezes, da Rio Velho e que está à frente da Associação dos Produtores de Vinhos Finos da Campanha, joga alto: tem convicção de que os Tannats da região vão superar os emblemáticos uruguaios. Quem duvida da previsão, Paulo desafia com a prova da taça.
- É só tomar um Tannat da Campanha. Ele é macio, fácil de beber, apesar de manter toda a rusticidade característica da variedade - garante.
A vez do Gewürztraminer
Nem só as uvas Tannat estão se adaptando bem ao clima e ao solo do Pampa. Para alegria dos apreciadores dos vinhos brancos aromáticos, a Gewürztraminer - uma uva delicada, muito sensível à umidade e que estava ameaçada de ser esquecida - apresenta uma boa produção e tem agradado aos paladares mais exigentes. Até mesmo os espumantes, que lá apresentam baixa acidez, tem conquistado apreciadores.
Mas nem tudo são flores. A proximidade com a Fronteira e os freeshops dificulta a comercialização dos vinhos brasileiros. Em Santana do Livramento, por exemplo, os visitantes querem mesmo é atravessar a linha que faz divisa com Rivera e comprar bebidas importadas, muitas vezes de nem tão boa qualidade. Uma batalha pacífica que está apenas começando.
UVAS EM PRODUÇÃO
> Tintas: Cabernet Sauvignon, Merlot, Tannat, Tempranillo, Touriga Nacional, Alfrocheiro, Tinta Roriz, Teroldego, Malbec, Carmenere, Cabernet Franc.
> Brancas: Chardonnay, Gewürztraminer, Pinot Grigio, Sauvignon Blanc.