O caderno Meu Filho perguntou aos pais quais as principais questões rem relação à chegada do Natal que costumam gerar dúvidas na família.
Confira o que os especialistas dizem sobre cada item.
Incentivar o filho a dar o bico ao Papai Noel é uma boa ideia?
É uma boa alternativa, que não causa problemas futuros para as crianças, de acordo com as especialistas consultadas. O importante é sentir que o filho está preparado para largar a chupeta, combinar de antemão (não adianta fazer essa sugestão no dia de Natal) e deixar muito claro como funcionará a troca desde o início: se largar o bico, ganhará o presente. Se, na hora, a criança desistir da combinação, é preciso ser firme, diz a psicóloga infantil Aidê Knijnik Wainberg:
- Se você combinou com a criança, tem de seguir e não dar o presente naquele momento. Dizer: "se você não vai trocar, também não vai ganhar".
Para a psicóloga e terapeuta ocupacional Claudine Von Saltiel, essa medida vale, especialmente, para crianças com mais de quatro anos, capazes de entender o mecanismo da troca, as regras e os limites. Para as menores, pode ser pior privá-las do presente. Por isso, é fundamental que o filho esteja comprometido e compreenda bem o que vai ocorrer.
Aidê complementa que só essa troca não determinará que a criança sempre vá exigir compensações no futuro:
- Temos de cuidar para que tudo não seja feito por relação de troca. Mas dá para usar esse recurso de vez em quando.
A partir de que idade é aconselhável contar sobre o Papai Noel?
Não é papel dos pais decidir quando é a hora de revelar isso. O que cabe a eles é perceber os sinais de que a criança começou a fazer questionamentos e de que quer saber a verdade por trás das bochechas coradas e da barba branca.
- A criança vai, com o passar dos anos, observar os comentários dos colegas, da TV. Não tem a necessidade de clarificarmos isso. Com o tempo, ela vai entender - explica Claudine.
Isso não tem idade certa para ocorrer, mas sim depende da maturidade da criança. Geralmente, é entre os cinco e os oito anos. Enquanto a criança acreditar nesse universo mágico, não há por que contar e estragar a fantasia, que é saudável.
- Para uma criança menor, faz parte da brincadeira, como a de que os bichos falam e os objetos têm vida. Mas uma criança não pode chegar aos 10, 11 anos pensando isso - diz Aidê.
O que faço se meu filho tem medo do Papai Noel?
A regra número um é: não force o contato. Se seu filho tem medo do Papai Noel, levá-lo para sentar no colo do velhinho não é uma boa ideia. Segundo Aidê, como qualquer outro medo, é preciso, antes de tudo, uma aproximação:
- Começamos apresentando objetos, como um boneco de Papai Noel, um desenho, até chegar ao personagem real.
A atitude dos pais é determinante. É preciso cuidar, especialmente, para não associar a figura do Papai Noel com punições do tipo: "Se você não se comportou, Papai Noel não vai lhe dar presente", "Se você não passou de ano, Papai Noel não vai lhe dar nada, e sim para outras crianças", aponta Claudine:
- Isso acaba gerando uma sensação de angústia e perda antecipada. Vai gerar mais medo do que prazer.
Como é possível lidar com o consumismo das crianças nessa época do ano?
Quem dá o limite são os pais, e isso é feito com base em muita conversa. É essencial explicar, por exemplo, qual é a realidade social da família, para que a criança desenvolva os valores desde cedo.
- Se só é possível comprar um brinquedo, comprar só um brinquedo. Não fazer empréstimos ou dívidas porque a criança tem de ganhar o presente da moda - recomenda Claudine.
Quando a criança exige presentes muito caros, é necessário negociar e oferecer outro mais simples.
- Cria-se uma expectativa fantasiosa na criança. Daqui a pouco, a cada ano ela vai pedir um presente mais caro, porque a família se esforça para dar o melhor - completa a psicóloga.