Passadas algumas semanas do início das aulas, algumas crianças ainda relutam em encarar a escola e os novos colegas. Fazem birra, choram, numa clara demonstração de desconforto com a situação. O que fazer? Deixar o filho chorando, ficar junto na sala, mudar de escola? Qual a saída? Uma coisa é certa: não dá para desistir.
A adaptação à escola é um dos períodos mais importantes para a criança, e requer a atenção e o acompanhamento da família. O início dessa nova etapa, não raro, é marcado pelo estranhamento ao novo ambiente, aos colegas e até ao professor. Na cabeça dos pais, povoam as dúvidas sobre como lidar com as dificuldades de adaptação.
A empresária Daniela Lumertz Reck, 38 anos, enfrentou a situação ao transferir o filho Cassiano, seis anos, de uma instituição de Educação Infantil da Capital para o Colégio Marista Rosário, em fevereiro. Apesar de não ser tímido e já ter frequentado uma escola, o aluno do 1º ano do Ensino Fundamental exigiu a presença da mãe quando se iniciou o ano letivo. Para vencer a insegurança do filho, Daniela teve de frequentar o colégio na semana inicial. No primeiro dia, a pedido do filho, entrou em sala de aula. No entanto, para que ele se adaptasse, começou a se distanciar aos poucos: esperava-o no pátio, na biblioteca, na lancheria.
A psicóloga clínica escolar Maria Fernanda Hennemann, membro do Comitê de Psicologia e Educação da Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul, recomenda que, se o aluno se mostrar muito resistente ao processo de adaptação, a família pode buscar os setores responsáveis pelo apoio ao aluno na escola (SOE/SOP) para ver como a instituição procede nesses casos. Assim, ocorre uma integração e um fortalecimento do vínculo família-escola, imprescindível nesse momento
Uma semana após o início das aulas, Daniela matriculou os filhos mais novos, os gêmeos Ana Carolina e Pedro, três anos, na mesma escola de Cassiano. Ela conta que Pedro não teve problemas em ficar na aula sem a mãe. No entanto, a empresária teve de acompanhar Ana Carolina alguns dias, assim como havia feito semanas antes com o filho mais velho.
Confiança dos pais na escola ajuda a criança
A psicopedagoga Fabiani Ortiz Portella, conselheira da Associação Brasileira de Psicopedagogia, acredita que a insegurança do aluno pode ser agravada se os pais tiverem receio em deixá-lo em um ambiente desconhecido, por isso, é importante a confiança na instituição.
Ela também lembra que a quebra no ritmo de adaptação - que ocorreu neste ano em muitas escolas devido ao Carnaval - pode fazer com que o processo tenha de ser reiniciado:
- O comum é que haja o período de adaptação e que isso seja vencido.
Como ajudar seu filho a superar essa etapa
A psicóloga Maria Fernanda Hennemann e a psicopedagoga Fabiani Ortiz Portella dão dicas de como os pais podem ajudar a criança a vencer o desafio.
:: Conversar com o professor e com o serviço de orientação educacional e psicológica da escola;
:: Participar da rotina escolar. Ajudar a arrumar a mochila e perguntar como foi a aula;
:: Estimular o contato com os colegas;
:: Mostrar que a mudança é positiva, que é uma oportunidade de aprender e fazer amigos;
:: Não modificar a rotina da criança no período de adaptação, como tirar a mamadeira;
:: Deixar claro que os pais precisam retomar as atividades;
:: Diminuir gradualmente o tempo de permanência dos pais na escola;
:: Não sobrecarregar a criança dizendo que ela já é grande e tem novas responsabilidades;
:: Cumprir com o combinado: se marcou de buscá-lo às 16h, estar lá no horário marcado;
:: No início, as crianças podem levar um objeto pessoal dos pais ou uma foto para ajudar.