Fazer um diagnóstico de distúrbio psicológico não é uma tarefa fácil. Diferentemente de doenças fisiológicas, nas quais os sintomas se manifestam e dão indícios claros de qual pode ser o problema, os distúrbios da mente exigem uma análise mais profunda, detalhada e demorada, devido às muitas variáveis envolvidas.
No campo da psicopedagogia, alguns especialistas têm demonstrado preocupação com o excesso de diagnósticos precoces e superficiais de dislexia, um distúrbio da linguagem que envolve principalmente a parte da leitura. Para a psicóloga clínica Ana Cássia Maturano, há diversos casos em que os pais de crianças com dificuldades escolares chegam aos consultórios com o diagnóstico pronto, muitas vezes dado pelas escolas e reforçado pelos profissionais.
- Se por um lado o estabelecimento de um quadro ajuda no tratamento, por outro pode cegar e apenas estigmatizar a pessoa em questão - afirma.
Vários fatores podem determinar dificuldades na leitura e na escrita, que são intimamente ligadas.
- Dar um nome específico a um problema de lecto-escrita pode atrapalhar o diagnóstico mais amplo, quando não podemos compreender a pessoa que ali se apresenta - comenta a especialista. - O mais adequado é um diagnóstico que privilegie fazer um entendimento do indivíduo em seus vários aspectos, considerando também seu ambiente social e escolar, que podem interferir em sua capacidade de aprender a linguagem escrita.
Apesar do problema estar "em alta", sendo muito divulgado hoje em dia, é difícil encontrar pessoas que realmente apresentem dislexia.
- Os profissionais têm que deixar os modismos de lado e olhar para o ser humano real que se apresenta a eles.
Fonte: Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga.