A vida social das crianças pode parecer pouco importante para os adultos devido ao universo relativamente menor em que elas vivem e que é formado basicamente pelo ambiente escolar. A psicóloga clínica Ana Cássia Maturano confirma:
- Esse é o mundo deles. A existência das crianças gira em torno da vida escolar.
Por isso é tão importante que os pais compareçam aos eventos promovidos pelas escolas. É um momento para o qual as crianças se preparam com afinco e esperam ser reconhecidas. O filho "vai mostrar para as pessoas algo que sabe fazer", destaca a especialista.
- Vai mostrar aos pais quem ele está se tornando e o lugar que vem ocupando no mundo.
A presença dos pais nos eventos nos quais os filhos participam inclusive deixa as crianças mais à vontade.
- Papai e mamãe estarão ali, e eles merecem isso. Além de serem garantia de que tudo ficará bem.
Por isso, apesar de ser muito difícil conciliar as diversas atividades do dia-a-dia, é indispensável que os pais se façam presentes.
- Vale a pena participar da vida das crianças. As marcas que deixadas vão ser carregadas pela vida toda - afirma.
Contudo, há casos em que a timidez das crianças fala muito alto e, na hora delas próprias participarem e assumirem seus papeis de protagonistas, começam a chorar e agarrar-se aos pais. Apesar de ser normal um pouco de introversão, especialmente quando se está frente a uma grande audiência e com a responsabilidade de agradar os pais, é importante estar atento a sinais de que a situação é um pouco mais séria.
- É importante observar se a criança tem apenas uma resistência em participar ou se as interações sociais são muito sofridas para ela - alerta Maria Rocha, também psicóloga e coordenadora pedagógica do Colégio Ápice, em São Paulo. - Caso ela tenha dificuldades nessa área, é necessário cuidar, pois, além de ser sofrido para a criança, isso não tende a melhorar com o tempo, como muitos pensam.
As crianças tímidas precisam ter suas relações com membros de fora da família estimuladas, explica Maria Rocha:
- Os pais devem demonstrar confiança nas habilidades do filho em fazer amigos ou até se apresentar em público - diz a especialista, destacando que é essencial, contudo, que não o forcem a fazer algo que ele não quer.
- Diante de uma desistência, como no caso de não querer participar da festa escolar, o melhor é acolhê-la com carinho - aconselha Maria Rocha.
Os pais devem incentivar as relações sociais de seus filhos. Caso não haja mudança, Ana Cássia aconselha a procura de ajuda profissional.
- Pessoas muito tímidas sofrem muito com suas inseguranças e medos.
Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga, especializada em Problemas de Aprendizagem. É co-autora do livro Puericultura - Princípios e Práticas (Ed. Atheneu), onde aborda aspectos relacionados a estimulação cultural da criança e colunista de Educação do Portal G1.