O americano mais brasileiro dos presidentes da General Motors no Brasil, Mark Hogan faleceu no domingo passado (16), em Chicago. Chefe das operações da GMB entre 1992 e 1997, foi responsável pela expansão da montadora no país com lançamentos de novos veículos, ampliação da rede de concessionários e implantação de novas fábricas como o complexo de Gravataí (RS). Com três filhos, dois adotados brasileiros, e ligado aos costumes do país, aprendeu tocar tamborim e desfilou vários anos no carnaval carioca pela Portela, mesmo depois da volta aos Estados Unidos.
Hogan apostou no conceito de que se a GM fosse a primeira em produtos e serviços seria a líder do mercado, o que ocorreu em 2016. A Chevrolet e o Onix foram a marca e o carro mais vendidos no país por cinco anos. Trajetória interrompida pela crise provocada pela pandemia da coronavírus que paralisou o complexo gaúcho por quase seis meses em 2020.
Durante a gestão de Hogan na GM do Brasil, a montadora reformulou sua linha de produtos e lançou carros mundiais como o Corsa. Em novembro de 1997, a montadora anunciou a construção de três novas fábricas: no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e em São Paulo.
Presença marcante
Hogan foi um dos principais executivos do setor automotivo no país e marcou sua trajetória também pelo relacionamento. Marcado pela ousadia profissional, era cordial, e, sorrindo, atendia a todos, inclusive os jornalistas, sem esconder os futuros projetos, o que preocupava sua excelente equipe, uma das melhores que a GM brasileira teve em sua história.
Num encontro em Detroit, em janeiro de 1998, revelou que a GM poderia produzir o Suzuki Grand Vitara em Gravataí e vender o Celta na Argentina. O utilitário terminou importado da fábrica argentina de Rosário com o nome de Tracker, em 2001, e o hatch Chevrolet foi exportado com a marca Suzuki.
Mark Hogan entrou na GM em 1973 e deixou a direção de Planejamento de Operações da América do Norte e Gerenciamento de Informações Corporativas em 1992 para comandar a GM brasileira. Com 41 anos foi um dos mais jovens entre os presidentes da marca no país.
A GM avançou rapidamente sob o comando de Hogan. A atualização dos produtos com modelos globais trouxe Omega, Corsa, S10, Astra, Vectra, Blazer e Silverado, entre outros. Ousado, desenvolveu o projeto de novas fábricas que foi consolidado com o complexo de Gravataí.
O conceito inovador do Projeto Arara Azul, que reunia os fornecedores no mesmo local, agilizou o processo de manufatura, reduziu os estoques e permitiu à planta gaúcha ser uma das mais avançadas e produtivas da corporação no mundo. O pequeno carro popular Celta, lançado em 2000 com preço correspondente a US$ 7.500, abriu caminho para o avanço da GM. A produção de Gravataí saltou de 120 mil unidades/ano para 240 mil e, com a chegada do Onix, passou para 320 mil.
Hogan voltou aos Estados Unidos em 1997 para comandar a divisão de carros pequenos da GMC. Em 2004 foi para a canadense Magna e, em 2007 para a Toyota, onde foi o primeiro integrante não japonês do Conselho Executivo, onde ficou até 2013.