A velocidade um pouco melhor do crescimento da economia brasileira, o avanço do Produto Interno Bruto (PIB), a recuperação ainda tímida do emprego, a queda da Selic e das taxas de juros estimularão a venda de veículos em 2020. Para o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luis Carlos Moraes, a produção poderá crescer em torno de 7% e a venda 9%, superando a barreira das 3 milhões de unidades.
Moraes defende a necessidade da redução da taxa de juros, que ainda está alta e fica em média de 18% para financiamento de veículos:
— Com a queda da Selic, a taxa de juros poderia ficar mais baixa por mais tempo.
A queda do risco Brasil para pouco mais de 100 pontos e que no período da crise chegou a quase 500 foi outro aspecto apontado como positivo por Moraes. A redução fez com que os investidos também olhassem com mais atenção para o país.
O presidente da Anfavea ressalta que o cenário é positivo, caminha para a estabilidade, porém ainda requer atenção:
— O otimismo é moderado e precisamos continuar fazendo a lição de casa como país.
Reforma urgente
O custo Brasil foi condenado por Moraes na apresentação feita em Porto Alegre, em que defendeu a reforma tributária urgente. Argumentou que o sistema tributário do país é "caótico", o que prejudica a todos os brasileiros.
A alta tributação impede a competitividade dos produtos brasileiros no Exterior, comprometendo as exportações. Estudo comparativo feito entre cinco fábricas do Brasil com o México revelou que lá é 18% mais barato para produzir do que aqui.
Produção, venda e exportação
A Anfavea estima a produção de 3,16 milhões de veículos em 2020, com o crescimento de 7,3% sobre 2019. Mas o número ainda está longe do recorde de 3,8 milhões de unidades, de 2012.
A venda de veículos estimada pela Anfavea será de 3,05 milhões de unidades, 9,4% a mais em relação a 2019.
Reflexo da crise argentina, a exportação continuará em queda e ficará em 381 mil veículos, 11% menos na comparação com o ano anterior.
Rio Grande do Sul cresce mais
Com nove fábricas de veículos, motores e componentes em sete cidades, o Rio Grande do Sul produziu 317 mil autoveículos no ano passado, o equivalente a 10,7% do total nacional. Foram exportados 39 mil veículos, 9% do volume embarcado pelo país. O setor automotivo gaúcho exportou US$ 1,3 bilhão, 13,3% do resultado brasileiro.
Em 2019 foram emplacados no Estado 154 mil veículos, 5,5% a mais sobre 2019.