De 1992 a 1997, a Honda trouxe ao Brasil carros produzidos no Japão. Foi então que surgiu o Civic nacionalizado, o primeiro "nissei" brasileiro da marca, produzido em Sumaré (SP). Os modelos HR-V, Fit e City completaram, até o ano passado, a gama de filhos de japoneses feitos no Brasil. Essa semana, a montadora atingiu um feito histórico: apresentou à imprensa seu primeiro "sansei", o SUV compacto WR-V. Trata-se do primeiro carro desenvolvido totalmente pela Honda do Brasil.
– Claro que aproveitamos algo de outros veículos da Honda, mas suspensão, carroceria, rodas e vários outros componentes são exclusivos do WR-V, desenvolvidos para o carro. Assim como eu, dá para dizer que ele é um neto de japoneses – brincou o engenheiro Luis Marcelo Kuramoto, líder geral do projeto.
O WR-V havia sido exibido no Salão de São Paulo, no final do ano passado, porém parte interna, motor e alguns detalhes só na terça-feira foram mostrados. Ele vai aproveitar o motor do Fit, o 1.5 V-Tec, flex e de 16 válvulas, com potência de 115 cavalos (um a mais abastecido com etanol). O câmbio também é do irmão menor, porém o CVT foi recalibrado para garantir mais torque na arrancada, afinal o veículo pesa cerca de 100kg a mais.
Na apresentação a conta-gotas proporcionada pela Honda, alguns dados só serão divulgados em março, dias antes de o veículo chegar às concessionárias – as encomendas começaram pouco antes. Uma delas é o preço – a expectativa é de que fique em torno de R$ 69 mil. As cores não foram reveladas, mas é certo que o suvinho será fabricado em cinza, branco e vermelho, expostos na apresentação. Por enquanto, apenas seletos funcionários da Honda conduziram o veículo.
– Sei que sou suspeito para falar, mas ele ficou ainda mais gostoso de dirigir que o Fit – assegura Kuramoto.
As suspensões tipo McPherson usam mais peças do irmão maior, o HR-V, mas há diferenças profundas. Em termos de ângulos de ataque e saída, o suv compacto lembra um jipe: 21º e 33º, com 17,9cm de vão livre do solo. Com isso, fica claro que o veículo foi feito para encarar as irregularidades das vias brasileiras. E, posteriormente, também de Chile, Argentina e Índia, países que já mostraram interesse em importar o carro nipo-brasileiro.
As rodas de 16 polegadas foram desenvolvidas para o WR-V e, pela primeira vez, a Honda solicitou à Pirelli, fornecedora de pneus, um produto exclusivo. Buscando o maior silêncio possível e com estabilidade, a montadora optou por um 195/60. E, pensando no visual, a parte da carroceria que envolve a roda terá um revestimento plástico, com desenho simétrico ao da roda. Os itens permanecerão em todas as versões – a Honda não especificou quantas, mas deixou claro que haverá mais de uma.
Bom entre-eixos
Em termos de entre-eixos, o utilitário esportivo de apenas quatro metros de comprimento (um a mais que o Fit e 28 a menos que o HR-V) terá 2,55m, o que garante ótimo conforto para os passageiros do banco de trás. Os japoneses (e brasileiros) asseguram que em nada vai prejudicar a capacidade de esterço. Os bancos terão três opções de combinação, todas em tecido: preto e prata, preto e laranja ou todo preto.
A Honda não revelou o consumo, mas informou que, na análise do Inmetro, o WR-V recebeu nota "A". Na visão da montadora, o lançamento chega tendo em vista rivais como Ford Ecosport e Renault Duster, mas também pode atrair compradores da GM Tracker e até de SUVs maiores.