É necessário elogiar o propulsor de 280cv, o ótimo espaço interno e o consumo satisfatório para um sedã grande. Porém, ao se andar no Honda Accord, o fenômeno mais notável é outro: a ausência de barulho. Com os vidros fechados, é como se os ocupantes estivessem em outro mundo. Ônibus, caminhões e motos passam ao lado e dão a impressão de fazerem parte de um filme mudo. Apesar de vários predicados, a fábrica japonesa traz (e comercializa) apenas 120 unidades anuais. Mas por que não vende mais? Simples: alemães como BMW 320, Mercedes Classe C e CLA 200 e Audi A4 garantem aos donos mais status, algo valorizadíssimo no país.
Não fosse isso, o Accord tinha tudo para abocanhar o público que, hoje, investe mais do que o dobro para ter veículos que entregam basicamente os mesmos recursos. Até o fechamento de novembro, haviam sido vendidas 119 unidades do sedã japonês, cujo preço é de R$ 162 mil. É quase quatro vezes menos (437) que o Jaguar XE, que apesar do motor turbo, tem 240cv e parte de R$ 182 mil. O luxuoso Audi 6 custa a partir de R$ 265 mil e vende 50% a mais (174 unidades) que o Accord. Ou seja, endinheirados no Brasil há, mas a Honda não tem conseguido chamar a atenção deles. Nem mesmo as mudanças da última geração do Accord, trazida este ano ao país, fizeram efeito.
Parece ficção
Uma delas, exclusiva entre os veículos importados pelas montadoras que atuam no Brasil, é o Active Noise Control e Active Sound Control (ANC). O dispositivo capta ruídos e vibrações na cabine (mesmo que venham de fora) por meio de um microfone e, pelos alto-falantes, emite ondas contrárias que abafam o som. Parece coisa de filme de ficção, mas funciona muito bem.
Outro ponto marcante é o Lane Watch, que monitora o ponto cego do lado direito – uma câmera abaixo do espelho retrovisor reproduz as imagens na tela central, permitindo uma visão segura da faixa de rodagem lateral e evitando colisões, sobretudo com motos. A central multimídia também é nova e agora permite espelhamento com Android e Apple CarPlay. Há ainda GPS integrado com informações de trânsito por meio de radiofrequência (sem necessidade de conexão com celular) nas principais capitais, acesso à internet (com o veículo estacionado), bluetooth, HDMI, USB e auxiliar, além de DVD Player.
A tela touch de 7 polegadas tem boa resolução, mas não é tão prática quanto a de alguns rivais.
Visual melhorado
No visual, a dianteira foi redesenhada e traz faróis principais e de neblina em LED. As rodas eram de 17” e passam a ter 18”. Fabricado no Japão, o Accord passou a contar este ano com paddle shift atrás do volante. Na parte mecânica, a Honda manteve seu V6 3.5 inteligente, capaz de funcionar com apenas três cilindros – no teste, com cerca de 500 quilômetros rodados, a 120km/h o carro fez 14,5km/l na estrada. O câmbio de seis marchas é suficiente para fazer o veículo trabalhar em baixos giros, mas no trânsito urbano, mesmo quem não pisa forte dificilmente consegue mais que 8,5km/l.
Os freios a disco progressivos funcionam muito bem, e as suspensões são feitas para garantirem grande conforto – nas curvas, são um pouco molengas em uma tocada mais esportiva. Os sensores de estacionamento na frente e atrás, além da câmera de ré, tornam fácil a tarefa de estacionar o grandalhão de 491cm e 1.632kg, cujo entre-eixos de 277,5cm é o maior da categoria e um dos trunfos para o carro estar há anos entre os dez mais vendidos dos Estados Unidos.
FICHA TÉCNICA
Motor: V6, 3 471cm3, 16V, transversal, 280cv a 6 200rpm e torque de 34,6kgf.m a 4 900rpm
Câmbio: automático de seis marchas
Tração: dianteira
Suspensões: McPherson (diant.) e multilink (tras.)
Freios:disco ventilado (diant.) e disco sólido (tras.)
Rodas:liga leve, R18
Dimensões (cm): comprimento, 491; altura, 147,5; largura, 185; entre-eixos, 277,5
Peso: 1 .632 quilos
Tanque: 65 litros
Itens de série: ar digital bizona, direção elétrica, piloto automático, ESP, controle de tração, revestimento em couro e multimídia com tela dupla