Quem anda na versão 2017 do Novo Uno, logo de cara, acha que o motor é maravilhoso. Não que ele seja ruim – ao contrário, mostra várias virtudes. Mas a verdade é que ele só parece tão espetacular porque seu antecessor, o Fire de quatro cilindros, lançado em 2000, estava absolutamente ultrapassado em vários conceitos. Com o propulsor de três cilindros, a montadora italiana espera que o velho subcompacto encontre novo público para voltar aos primeiros lugares em vendas.
Quem torce o nariz quando ouve o termo três cilindros costuma atacar em dois pontos: maior vibração e menor torque. Pelo jeito, a Fiat sabia disso na hora de construir o Firefly (vaga-lume, em inglês) e fez bem a lição de casa. Em marcha lenta e em médios giros, ele é bem mais silencioso e firme que o antigo quatro cilindros – parecido com outros tricilíndricos modernos. Mas o mais notável é que a força chega antes.
Até 2016, era necessário pisar com força no acelerador para o Uno sair do lugar de forma razoável – o torque era de 9,9kgm.f. Na versão 2017, são 10,9kgfm nos mesmos 3.250rpm. Na condução urbana, a mudança é grande. Mesmo que o veículo tenha ganho cerca de 60 quilos em equipamentos e superado uma tonelada, ficou muito mais esperto.
Suspensão para a cidade
Mas essa agilidade tem preço. Em 240km (ida e volta) da esburacada BR-290, entre Porto Alegre e Pantano Grande, ficou claro que, a partir de 4.500rpm, o motor perde o fôlego. Como a rodovia é limitada a 80km/h, nessa faixa ele ultrapassa com segurança. Se fosse a 110km/h, seria complicado deixar para trás caminhões e ônibus. Outra mudança é na suspensão. Na cidade, ela é guerreira na hora de enfrentar, em baixa velocidade, as maiores imperfeições. Mas, na estrada, em ritmo mais acelerado, não copia tão bem o asfalto.
Uma das virtudes do novo motor é a economia – desde que o condutor ajude. Na cidade, andando sempre abaixo de 60km/h e tendo paciência, o consumo superou 14km/l com gasolina. Na estrada, a 80km/h, ficou acima de 19km/l. Mas, à medida em que se afunda o pé no acelerador, mexe-se no bolso. Na subida, numa condução mais "apressada", o Uno fez 9km/l na cidade e menos de 14km/l na estrada com o mesmo combustível.
Kit bom. Mas caro
A versão testada, Way 1.0 com kit Tech, mostrou ainda recursos que auxiliam bastante motoristas, sobretudo os menos experientes. O principal deles é o assistente de subida. Mesmo em vias bem íngremes, quando o condutor tira o pé do freio, o carro fica parado por cerca de dois segundos. É o suficiente para o motorista soltar a embreagem e acelerar sem deixar o veículo recuar.
O kit Tech inclui, além do assistente de subida, itens como chave canivete com telecomando e alarme, central multimídia com Bluetooth e contato para smartphones (comandos no volante), retrovisores elétricos que baixam automaticamente ao se engatar a ré, colunas B pretas, vidros traseiros elétricos e alarme _ ar-condicionado é de série na linha Way. O pacote custa R$ 3.740. Sem ele, o valor do veículo é R$ 43 mil.
Interior melhorado
Por dentro, há consoles para garrafas oferecido pelo pacote Tech. O espaço é bom para quatro adultos e o porta-malas está dentro da média. No acabamento, permanecem plásticos rígidos. Destaca-se no painel a tecla City, cuja função é deixar o volante elétrico ainda mais macio na cidade. Funciona – faltou ficar um pouco mais duro na estrada.
Ficha técnica - Uno Way 1.0
Motor: 1.0, transversal, três cilindros em linha e seis válvulas, flex, 999cm³. A potência é de 72/77cv a 6.000/6.250 rpm, com torque de 10,4/10,9 kgfm a 3.250 rpm (números a gasolina e a álcool)
Câmbio: manual de cinco marchas, tração dianteira
Direção: elétrica, com função city, que deixa volante 50% mais leve nas manobras Freios: discos ventilados na dianteira e tambores na traseira
Rodas: de ferro, 14"
Suspensões: independente tipo McPherson na frente e eixo de torção atrás
Dimensões (mm): comprimento, 382; largura, 163, altura, 148; entre-eixos, 237Tanque: 48 litros
Peso: 1010kg
Porta-malas: 290 litros
Preço: R$ 43 mil – por mais R$ 3.740, kit Tech acrescenta assistente de subida, tela multimídia, volante inteligente e outros itens de conforto
Conforto aumentou
Em termos de design, o Uno ganha novos atrativos para 2017. A grade dianteira passa a ter dois filetes horizontais, com a moldura dos farois de neblina em preto. Por dentro, além de novas teclas e console para guardar garrafas oferecido pelo pacote Tech, pouca coisa mudou. O espaço é bom para quatro adultos. O porta-malas está dentro da média, e no acabamento permanecem os plásticos rígidos. Destaca-se no painel a tecla City, cuja função deixar a direção mais mole para fazer manobras na cidade. Porém, poucos vão precisar do equipamento, pois o volante é elétrico e deixa o carro fácil de manobrar – faltou apenas ficar um pouco mais duro em velocidades mais altas.O câmbio manual não tem encaixes tão complicados como o de antigos modelos da Fiat, mas a palanca, mesmo numa unidade 0km, tem bastante folga. Espera-se que a Fiat apresente algumas novidades para o primeiro semestre do próximo ano. Ou o Uno vai continuar com vendas inexpressivas – na lista geral, é o 16º mais vendido do Brasil (perde até para o Siena) e, entre os carros de entrada, ocupa apenas a sexta posição, atrás do irmão Palio.