Em época de grandes escândalos políticos, Brasília é o centro da desconfiança da população. Mas a Capital Federal, escolhida pela Toyota para o lançamento da quarta geração do Prius, foi palco do teste do carro híbrido cuja principal aposta é convencer o consumidor brasileiro de que a tecnologia é o futuro, tanto para o bolso quanto para o meio ambiente.
E a montadora japonesa deu provas de honestidade pelas ruas de Brasília. Com status de carro mais econômico do Brasil – segundo o Inmetro, média de 18,9km/l nos trechos urbanos e 17km/l em estradas –, a quarta geração do Prius deu mostras de que é uma boa opção para quem tem R$ 120 mil para investir num automóvel. Nos 30km rodados na cidade, a reportagem foi desafiada a rodar de acordo com os indicadores de giro para poupar gasolina. Com extrema obediência, a média foi de 25,3km/l. Ou seja: 33% acima da média catalogada. Claro que o trecho foi pequeno, o que permite melhores resultados. Ainda assim, um consumo bem honesto, especialmente na comparação com veículos de motorização à combustão - 1.8, em cidades, dificilmente superam 14km/l. Em tempo: como as acelerações urbanas são menores do que nas rodovias, o motor elétrico funciona sozinho por mais tempo, poupando mais gasolina (a lógica do carro tradicional é inversa).
Outra característica do Prius que deve ajudar muito a incrementar a cultura híbrida no país é o silêncio. Tanto que a Toyota criou o slogan Stress-Free. E isso não é discurso político, aproveitando os ares de Brasília. De cara, a falta do ronco do motor chega a perturbar - é possível imaginar que o carro "apagou". Nos minutos seguintes, o ruído padrão não deixa saudade. Mesmo quando o motor à combustão é acionado. O volume do rádio pode ser regulado mais baixo, o diálogo entre os ocupantes do veículo é menos tenso.
Além do silêncio e do baixo consumo, a dirigibilidade do novo Prius merece destaque. A troca de marchas do câmbio automático é imperceptível, e as retomadas de velocidade não deixam a desejar na comparação com os tradicionais. Um ponto negativo é a baixa visibilidade para o motorista ao mirar o espelho central. O vidro traseiro tem uma divisória metálica, que pode confundir quem não está acostumado. Por fora, o design é atraente, mas, por dentro, as linhas traseiras reduzem o campo de visão.
COMPENSAÇÃO FINANCEIRA DEMORA MAIS DE 20 ANOS
Em uma simulação a partir do preço de R$ 120 mil, a opção pelo Prius custa aproximadamente R$ 40 mil a mais em relação a outros sedãs 1.8. Prevendo que o híbrido consuma a metade da gasolina, um motorista que gasta R$ 300 por mês passaria a deixar R$ 150. Ao final do ano, vai economizar R$ 1,8 mil. Para compensar a diferença paga, o proprietário do Prius vai demorar 22 anos. Se a comparação for com um veículo na faixa de R$ 90 mil, serão 16 anos para empatar o preço do Toyota.
FICHA TÉCNICA
Motores: a gasolina, 1.8, quatro cilindros, 16V e 98cv. O elétrico tem bateria de íons de lítio e 72cv. A potência combinada é de 123v.
Transmissão: câmbio automático CVT.
Rodas: 15"
Freios: discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS com EBD
Medidas: 4,54m de comprimento, 1,76m de largura, 1,49m de altura e 2,70m de entre-eixos
Suspensão: dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira com triângulos superpostos e sistema multilink. Oferece controle eletrônico de estabilidade
Airbags: dois frontais, dois laterais dianteiros, dois do tipo cortina e um para o joelho do motorista
Porta-malas: 412 litros
Tanque: 43 litros
ENTENDA COMO FUNCIONA ESSA TECNOLOGIA
Ainda que o Brasil tenha uma frota quase que exclusivamente de carros com motores tradicionais, à combustão (gasolina, etanol, diesel ou flex), é importante que os consumidores comecem a perceber as alternativas que a indústria automotiva no Exterior tem gasto milhões de dólares em pesquisas. Se o motor elétrico parece um modelo ainda muito distante da realidade brasileira - já que, para viabilizar um volume expressivo de vendas é preciso de uma rede de abastecimento, a tecnologia híbrida depende, basicamente, da escolha do comprador.
Afinal, vale repetir: a combinação de dois motores (elétrico e a combustão) permite grande autonomia, dispensa recarga física (numa tomada, por exemplo) .Confira no quadro à direita quatro perguntas e respostas sobre a tecnologia que, no Brasil, está disponível no Toyota Prius (R$ 130 mil), no Ford Fusion Hybrid (R$ 150 mil), Lexus CT200h (R$ 130 mil), Mitsubishi Outlander PHEV (R$ 205 mil) e BMW i8 (R$ 799 mil).
É O FUTURO, APOSTAM JAPONESES
Que tal ter na garagem um carro que faria você gastar metade da gasolina e ajudaria a reduzir a emissão de CO2, rodando num veículo de alta tecnologia japonesa, com design futurista e no silêncio de uma motorização que combina o elétrico com a combustão? Se sua resposta foi "sim" às perguntas, a escolha aponta para o Prius. Mas há ainda uma pergunta: investiria R$ 120 mil em um sedan médio com potência combinada de 123cv?
Pois o dilema do comprador é o mesmo da Toyota. Depois de 19 anos da criação do Prius, a montadora traz para o Brasil a quarta geração de seu mais famoso veículo híbrido - que combina motor elétrico e a gasolina. E pretende disseminar esta tecnologia, que já ganhou metade da frota nova na Europa mas, aqui, tem mísera participação de 0,14%.
Sem receber do governo federal todos os incentivos desejados, a Toyota garante que o preço do carro é resultado de um grande esforço. Segundo a diretoria, principalmente devido à tecnologia embarcada e aos custos de importação do Japão, a cotação "justa" seria de R$ 178 mil (48% acima). Isto é: o Prius traz o futuro à reboque, mas o presente é um híbrido entre preço e cultura.
Valores à parte, fato é que a Toyota parece ter convicção de que a modalidade híbrida é o caminho para o futuro. Com o mérito de ter criado o Prius (pioneiro, em série, nesta combinação de motores) e já ter vendido 9 milhões de unidades em 90 países, a montadora fez promessa louvável: até 2050, só sairão de suas fábricas veículos híbridos, elétricos ou alimentados por célula de combustível.
O Prius pouco lembra o design da terceira geração, que chegou ao Brasil em 2012 e vendeu 783 unidades. Ligeiramente maior nas dimensões, o sedã tem presença marcante e ganhou esportividade, especialmente por suas lanternas que avançam na lataria, na dianteira e na traseira. Como novidades tecnológicas, o ar-condicionado dual zone é capaz de concentrar o fluxo apenas nas áreas da cabine onde há ocupação. O Prius tem carregador de celular sem fio e o painel traduz toda a modernidade de itens, com displays coloridos e em gráficos.
VANTAGENS
- Em congestionamentos, é possível trafegar com o motor elétrico e a bateria carrega a cada frenagem
- Dispensa as estações de recarga e possui o mesmo tipo de manutenção que um carro convencional
- Motor menor e mais leve, que economiza energiaTem aproveitamento de 90% a 95% da energia da combustão
DESVANTAGENS
- Preço alto
- Possível dificuldade de revenda