Quando se está prestes a cair no chão, a primeira coisa que se faz é estender os braços e colocar as mãos em frente ao rosto para amenizar a queda e proteger o corpo. O movimento é instantâneo, um reflexo. Por isso, quem anda de moto precisa estar atento a uma medida simples que pode evitar muitos machucados: o uso das luvas.
Além de proteger as extremidades de baixas temperaturas e do contato com o asfalto, também evitam que o suor impeça a travagem da moto. No Brasil, porém, o uso das luvas para motociclistas não é obrigatório, o que faz com que muitos deixem de utilizá-las.
Foi o caso do chaveiro Vinícius Carneiro da Silva, 25 anos. Mesmo tendo luvas, na maioria das corridas elas ficam guardadas por falta de hábito. Foi por isso que, em um acidente leve há duas semanas, ele perdeu a ponta de um dos dedos da mão.
- Um carro cortou a minha frente e eu bati o guidão e, claro, as mãos. Não cheguei a cair, mas, quando parei para ver o que tinha acontecido, vi muito sangue. Foi quando olhei para o dedo: a pontinha não estava mais lá. Com certeza, se eu estivesse de luva, a perda poderia ter sido evitada - conta o chaveiro.
Fratura
O mesmo aconteceu com Samuel Oliveira Alves, 28 anos, motoboy há nove. Ele estava se indo para casa, em Canoas, quando um cachorro atravessou na frente da moto. Por não estar de luvas, acabou ralando o dorso da mão.
Apesar de ter caneleira, joelheira e luvas, ele admite que raramente veste o equipamento.
- É que não tenho uma luva mais específica, aquelas grossas, revestidas com acrílico, mas irei providenciar. Só depois de acidentes é que percebemos o quanto os detalhes são importantes - fala.
Preços
Em Porto Alegre e na Região Metropolitana, diversas lojas comercializam os acessórios para motociclistas. Também é possível adquirir pela internet. As luvas são feitas de diversos materiais, sendo os mais comuns couro e neoprene.
Quanto mais revestimento de plástico no entorno da luva, melhor, mas o preço também aumenta. O valor do acessório pode variar entre R$ 40 (luvas de algodão ou poliéster) e
R$ 250 (luvas de couro).
2,2 mil motociclistas em acidentes
De janeiro a julho deste ano, a EPTC registrou mais de 2,2 mil acidentes envolvendo motociclistas na Capital. O número diminuiu em relação ao ano passado, quando, no mesmo período, foram 2,7 mil atendimentos. De acordo com Daniel Denardi, fiscal de trânsito e assessor de gerência de fiscalização da EPTC, os brasileiros têm uma certa resistência a obedecer normas éticas, mesmo quando é para preservar a saúde.
- Em uma queda, podem ocorrer fraturas de antebraço e dedos, o tecido muscular pode ficar comprometido, afetar os tendões e até mesmo perder a mobilidade dos braços. A luva é um material muito simples, não precisa de uma lei para que seja cumprida, pois não tem por que não usá-la - defende.
Invista na sua segurança
Segundo a psicóloga da Escola Pública de Trânsito, Sinara Tres Soares, o uso de capacete é obrigatório. Quem é motofretista ou mototaxista precisa usar também colete refletivo. A profissional explica que todos os equipamentos não irão evitar acidentes, mas, sim, proteger.
- Entendemos que um dos motivos do não uso da luva é o calor. Mas, avaliando o benefício que a luva pode trazer, o uso se sobrepõe às altas temperaturas.
Segundo o Samu, a maioria dos atendimentos a motociclistas é de média e pequena gravidade, que poderiam ser evitados se o condutor investir nos equipamentos adequados.
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