Empatar com a Venezuela já foi vexatório. Hoje não é mais. Ninguém venceu os venezuelanos na casa deles nestas Eliminatórias. Não seria o time irregular do Brasil que o faria. Só que a equipe de Dorival Júnior fez por merecer uma vitória em Maturín. Há algo a lamentar profundamente com o empate? Nada. Foi a Canarinho a maior responsável por esta igualdade, e a volta precisa ser de boca calada, pianinho.
O primeiro tempo foi animador. Houve chances de gol, domínio territorial, boas participações dos principais jogadores, especialmente Gerson, Raphinha e Vinicius Junior, e um justo placar de vantagem por um a zero. É verdade que aconteceram desperdícios de grandes chances no ataque e uma atuação indecisa e com espaços deixados na defesa, mas os méritos foram maiores.
Aí vem a segunda etapa. Os problemas se acentuaram com a Venezuela tendo uma liberdade para fazer seu primeiro gol — liberdade essa que os cidadãos do país não têm para criticar o governo do ditador Nícolas Maduro.
Não se pode dizer que os brasileiros reagiram mal ao gol sofrido, mas houve impotência ofensiva e nem os jogadores que estavam bem no primeiro tempo funcionaram. Gérson diminuiu a produção, Raphinha ficou no bloqueio da retranca venezuelana, e Vini Jr. — ah, Vini Jr. — se perdeu completamente na partida ao desperdiçar um pênalti que ele não tinha nada que cobrar.
Aí o que chegou a preocupar passou a irritar, exatamente com aquele que muitos, com bons motivos, querem como melhor do mundo. Vinicius Junior não acertou mais nada. As trocas de Dorival Júnior não surtiram efeito e algumas constatações passam a ficar permanentes. Savinho não tem estofo ainda para ser tão titular da Seleção.
Éderson, cujas qualidades com a bola nos pés são cantadas aos quatro ventos, falha muito exatamente neste quesito e não soma tanto na hora de usar as mãos. Na zaga, Marquinhos se mostra decadente longe de Thiago Silva e não recebe uma contribuição tão forte do "titularíssimo" Gabriel Magalhães. Já notaram que, além dos espaços deixados na retaguarda, nossa zaga deixou de ser uma arma ofensiva, como vinha sendo desde os tempos de Lúcio e Juan?
Ficaram sentimentos variados, muitos deles ruins, de mais um jogo brasileiro nas Eliminatórias. Prever uma melhora contra o Uruguai é uma temeridade, até porque o latifúndio deixado entre ataque e defesa do Brasil em Maturín dificilmente será poupado pelos uruguaios na Fonte Nova. Mais uma vez as individualidades estarão acima do coletivo.
Que haja inspiração e menos tensão pois até na catimba da Venezuela os canarinhos caíram. Os Charruas são bem melhores até neste quesito. Alerta ligado.