Numa concorrência desleal, a Copa América convive com o paralelismo da Eurocopa. A competição sul-americana, marcada pelas improvisações, rejeitada por muitos dos participantes e se valendo de punições para calar as críticas, também mostra dentro de campo atrações bem menores do que a disputa europeia.
Por mais que haja seleções com suas formações principais e personagens marcantes como Neymar, Messi ou Luís Suarez, entre outros, a disputa não conseguiu decolar, mas mantém uma grande esperança para seus promotores e para quem respeita o mais antigo torneio entre seleções do mundo.
Chegada a sua fase de quartas de final, após uma etapa insossa em competitividade para os favoritos — em que, de cinco equipes, quatro se classificavam em cada grupo —, ainda não serão agora os confrontos mais esperados e que podem dar uma outra dimensão à competição.
Há de se esperar as semifinais e torcer para que Argentina e Uruguai façam o clássico do Rio da Prata. Pelo lado brasileiro, passar pelo Chile é uma obrigação e ter pela frente Paraguai ou Peru não pode significar uma ameaça tão séria, ainda que haja o caráter eliminatório nos jogos.
A chegada da Seleção Brasileira à final da Copa América é quase uma obviedade, e o enfrentamento com a Argentina, um verdadeiro sonho. Lembrando a última edição do torneio, em 2019, houve uma ponta de frustração pelo fato de o título ter sido conquistado pelo Brasil sobre o Peru.
Aquela final, sem um dos rivais platinos, ficou incompleta, algo que agora se desenha de maneira diferente. O Uruguai precisa ser reconhecido como um adversário tradicionalíssimo, e a Celeste tem capacidade de ser finalista. Mas a expectativa é pelos argentinos encarando o time de Tite para definir quem é o campeão.
O enfrentamento de Neymar contra Messi valendo algo diferente de um amistoso ou do Superclássico das Américas pode significar a redenção numa Copa América esvaziada. Por mais que seja um jogo truncado, ele significará uma última imagem digna da história da competição num cenário que merece tal decisão, mesmo sem torcida.
Nenhum outro duelo da América do Sul tem tamanha dimensão mundial. Por duas vezes nos últimos sete anos esta situação foi esperada: em 2014, quando só os argentinos chegaram à final da Copa do Mundo, e há dois anos, com o Brasil vencendo o surpreendente Peru.
O grande clássico na decisão é de interesse técnico e mercadológico. Se não acontecer, sabe-se lá se haverá outra oportunidade com as mesmas estrelas.