Um dos temas mais polêmicos da eleição presidencial, dois anos atrás, simplesmente sumiu. De uma hora para a outra, a urna eletrônica passou a ser altamente confiável. Mais do que isso: o debate sobre a segurança dos equipamentos simplesmente se tornou irrelevante.

Certo, não existem sistemas infalíveis, mas a urna eletrônica é uma boa solução

Duas coisas podem ter acontecido. Ou a Justiça Eleitoral, secretamente, se mobilizou e corrigiu “os graves defeitos” do sistema, ou o sistema, de fato, nunca apresentou risco para a democracia, como era espalhado em campanhas supostamente “espontâneas e cidadãs” pelas redes sociais. Voto na segunda opção. Certo, não existem sistemas infalíveis, mas a urna eletrônica é uma boa solução. Sempre foi, por mais que se esforçassem para desacreditá-la, conspurcando o conceito de liberdade para tentar destruir a democracia. Na condição de jornalista, acompanhei a sua implantação, na década de 1990. Foi um processo técnico, cuidadoso e competente, realizado com o apoio de profissionais altamente qualificados.

Cada um diz o que pensa, isso é sagrado. Mas liberdade de expressão pressupõe responsabilidade. Não é vale-tudo. As palavras têm consequências, principalmente em tempos de polarização, em que uma afirmação leviana pode incendiar discussões e aprofundar divisões. E a urna eletrônica foi um alvo fácil nesse cenário de radicalização.

É impressionante como nas eleições municipais, que ainda não terminaram em 52 municípios, nem vencedores nem perdedores, salvo alguma exceção que me escape, falaram sobre a urna eletrônica e sua confiabilidade. Em 2022, esse era um assunto onipresente, fundamental, que turbinava debates e brigas nos grupos de WhatsApp da família e dos amigos. Foram centenas, talvez milhares, de notícias falsas, montagens, opiniões inflamadas, teorias conspiratórias, certezas absolutas que, dois anos depois, evaporaram.

Fico aqui pensando quais as lições e as reflexões cabíveis nesse processo. Nada de muito novo me ocorre. A radicalização emburrece, é o melhor que consigo formular. Talvez a falta de debate atual indique que, quando o tempo passa e as paixões esfriam, a verdade acaba prevalecendo. Se você concorda, aperte a tecla verde.