A Guarda Municipal de Porto Alegre inaugurou uma nova era da segurança pública do Rio Grande do Sul. Nesta semana, os agentes começaram a usar câmeras corporais. Não tenho dúvida: eles ganham muito com isso. Testemunhei, ao longo dos últimos anos, dezenas de acusações de abuso policial e de histórias que inocentavam acusados de delitos. Muitas delas, tempos depois, se mostraram falsas e injustas. A partir de agora, haverá imagens e sons que contarão a verdade sobre as ocorrências.
Não vejo a adoção das câmeras como um movimento de desconfiança em relação aos agentes que atuam nas ruas. Ao contrário. Parto do pressuposto de que guardas municipais, policiais militares e civis falam a verdade. Eles nos representam no combate à criminalidade e na garantia do cumprimento das leis. Logo, quanto mais provas tiverem de que atuam de forma correta, melhor para todos.
Vejo, nitidamente, que a adoção das câmeras enfraquece a mentira, e ela está quase sempre do outro lado
Vejo, nitidamente, que a adoção das câmeras enfraquece a mentira, e ela está quase sempre do outro lado. A gravação das imagens e dos áudios nos trará um outro ganho: a possibilidade de, internamente, nas corporações, avaliar o que foi feito e, eventualmente, corrigir e melhorar, em proveito da segurança dos próprios agentes e de toda a sociedade. Como ocorre em qualquer processo novo, haverá necessidade de ajustes e de correções. Mas é preciso começar. As polícias devem ser mais e melhor equipadas que os bandidos. Parece óbvio, mas nem sempre acontece.
Obviamente, há abusos e violência desnecessária por parte de policiais, no mundo inteiro. Quanto mais treinadas, valorizadas e acompanhadas estiverem, mais as forças de segurança tendem a evoluir.
Em Porto Alegre, a opção foi permitir que os agentes liguem e desliguem o equipamento. Não é o ideal, mas entendo ser o possível no momento. Transparência deixou de ser diferencial e se tornou pré-requisito. E para os infratores e os bandidos que se aproveitavam do vácuo tecnológico para distorcer histórias, mentir e inventar fatos, vai o alerta: “Não sorria. Você está sendo gravado”.