“Quer côncio?”. Na língua que inventei para me comunicar com a minha filhota, que tem dois meses, “côncio” quer dizer bico. Tenho fixação por sufixos. No dia a dia, bico virou bicôncio, que depois assumiu a forma simples e direta de “côncio”. Fralda é para os fracos. A Maya usa “dix”, de fraldix.
Foi assim com as minhas filhas mais velhas, a Camillets e a Anics (Camila e Ana). Olhando de fora, até parece meio estranho. Para pais e filhos, porém, principalmente quando são bebês, é um jeito de expressar afeto e de construir pontes de comunicação. Batizei esses dialetos familiares de “bebelês”.
E pedi aos leitores de GZH e aos ouvinte do Supersábado, na Gaúcha, com a ajuda da Andressa Xavier, que compartilhassem alguns termos desses dicionários cheio de palavras esquisitas, afetuosas e fofinhas. Uma das mensagens que recebi veio da fonoaudióloga e professora da UFRGS Ana Paula Scherer:
“Sem querer, você está desenvolvendo consciência morfológica. Vai servir para desenvolver a linguagem e contribuir para a leitura e a escrita no futuro”.
Fiquei aliviado. Liberou geral.
A seguir, um resumo das contribuições recebidas. Algumas vieram sem assinatura. Obrigado a todos que enviaram.
Meu nome é Guilherme, de Erechim. Meu filho de 1 ano e 8 meses chama os cachorros de "pububu". Ele fala tudo corretamente, mas qualquer cachorro é "pububu".
Meu filho, hoje com 12 anos, quando era pequeno chamava o ônibus de APICHE , mamãe de MIMI e papai DE POPOTA. O nome dele é Luiz Eduardo Karpinski. O meu é Rogério Karpinski.
Para os meus gêmeos, Augusto e Breno, que já estão adultos, água era gurigol. Denise
Cobertorzinho, quando os meus eram babys era o "bodorento"...
Minha filha chupava bico - vulgo KIKO - E o “paninho”(objeto transicional já que sou psi né kkkk) era o travesseirinho de bb - vulgo Keou. Então, no final já era : kikokéeu, kkkk. Aí, que amor essas memórias, amooooo. Graciella Tomé
Spray é “tchi-tchi”. Filhos com 10 e com 13 anos e ainda falamos isso. Viviane.
Hoje os meus bebês já cresceram. Uma tem 24 e outro 14 anos. Que bom acionar nossa memória afetiva. O bico era chamado de bu e depois de biquê. Quando saíam estas sílabas da boca de um deles... nossa! Era uma correria. Cláudia Buchmann.
Criei uma palavra com minha filha: “bochocochonga” significa amada, querida, etc. A Geovana tem quatro anos e a chamo de bochocochonga desde que nasceu. Adriano